Benedita. Os 104 anos de Mariazinha Almeida

Feliz Aniversário!
Maria Raquel Guerra Ribeiro de Almeida, solteira, filha de Ana Guerra e José Ribeiro de Almeida, celebra no próximo sábado, 25 de agosto, 104 anos em pleno gozo das suas capacidades. Uma longa vida, quase sempre no centro da Benedita, fê-la estar a par do que de maior interesse acontecia em seu redor.
Ouviu falar do milagre do Sol, presenciado por seus pais; da partida dos rapazes para a guerra de França; recorda-se dos racionamentos da guerra civil de Espanha; conviveu em sua casa com Erika Grosskopf, uma austríaca refugiada após a II Guerra Mundial.
Nessa altura, já não vivia na casa onde nascera, mas na casa Ernesto Korrodi, estilo arte nova, inaugurada em 1921. Situada em frente do largo do Cruzeiro por ali passavam todas as procissões, se fazia o mercado dominical, se ouviam as músicas do coreto que animavam as festas; em 1940 viu serem nela inscritas as três datas do ano dos centenários. Ao fundo avistava a sua escola primária e a igreja matriz. Foi sua organista até 1952, tendo formado o coro de Santa Cecília. Teve por madrinha de batismo Nossa Senhora da Encarnação e diz com muito carinho, que o seu manto bordado na ilha da Madeira, a ouro e a prata, fora uma oferta do seu avô materno.
Quem não se recorda da famosa Loja Grande ou da loja dos cabedais e solas da fábrica do seu pai? O 1.º andar, dessa casa onde nasceu, albergou na década de cinquenta, universitárias que vinham à Benedita fazer pesquisas para os seus cursos. Por exemplo, Susana Gaspar defendeu em 1962, na universidade de Lovaina a sua tese: A condição da mulher numa paróquia rural de Portugal, Benedita. Nos anos setenta e oitenta foi lá o Centro de Saúde da Benedita, e antes tinha sido o lactário, um serviço de apoio a mães e bebés providenciado pelas Irmãs Servas de Nossa Senhora de Fátima com um Centro na Benedita desde 1946. Eram religiosas da congregação de Luísa Andaluz, fundada em Santarém, (1923) onde ela e uma das suas irmãs estudaram. De lá respigou valores que reverteu a favor das crianças da Benedita. Desde 1935 foi zeladora das missões até há poucos anos. Em sua casa foram acolhidas todas as autoridades civis e religiosas. Durante a guerra do Ultramar inscreveu-se no Movimento Nacional Feminino.
Aos sessenta e dois anos, como a maioria das portuguesas e portugueses votou pela primeira vez, nas mesas de voto, na então Escola Primária da Benedita, erguida no local da antiga igreja matriz, demolida em 1961.
A partir 1984 passou a olhar a Benedita pelo brasão de Vila, da autoria de José Aurélio.
No Lar da Santa Casa da Misericórdia, onde reside, e que se iniciou na casa onde nasceu, convive com utentes de quem foi catequista. Capitolina recorda: ‘e os terços ao ar livre, que ela organizava connosco no mês de maio? Cantávamos e fazíamos jogos.’ Outros a viram representar em récitas… alguns ajudaram a trazer o seu piano do 1.º andar, para que ela tocasse na Casa do Povo, hoje papelaria Polo Norte! E nunca esquece: ‘ as cavalhadas e a serração da velha’ na sua juventude’… Revê-se foto do Largo do Poço que Casimiro Maria Felizardo publicou no seu livro Benedita quem me dera (1989).
Memórias que a sua longa existência nos fazem lembrar. Com o passado também se constrói o presente… e o futuro!

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