A informação estatística sobre o desemprego não revela têndência para uma descida consistente, e o futuro ainda se apresenta muito incerto. Para isso contribuem inúmeros fatores, entre os quais talvez se realcem a competitividade globalizada, a inovação científico-tecnológica e a conflitualidade político-social. A competitividade globalizada força o aumento da produtividade e a diminuição da massa salarial. A inovação científico-tecnológica alimenta o aumento de produtividade e a correspondente diminuição do número de postos de trabalho necessários para o mesmo nível de produção. A conflitualidade político-social oferece, aos grandes detentores do capital, um excelente pretexto para reduzirem o número de postos de trabalho estáveis e bem remunerados. Neste contexto de longo prazo, podem coexistir elevados níveis de crescimento económico e de desemprego.
Apesar da crise prolongada em que nos encontramos, ainda não se vislumbram soluções minimamente satisfatórias para tão grave problema. Na verdade: o crescimento económico é necessário, mas não está garantido nem se configura suficiente; a criação de actividades financiadas pelo Estado, em maior ou menor grau, acha-se condicionada pelos limites orçamentais; a promoção do auto-emprego e do empreendedorismo abrangerá um número relativamente baixo de pessoas, e não é dissociável do crescimento económico; a hipótese de uma economia diferente da atual está muito longe de clarificada e assumida… Talvez que a palavra glocalização traduza uma das ideias mais fecundas neste momento, em ordem a um futuro mais promissor; retomarei o assunto depois de outras abordagens.