“Examinei as pedras e percebi que se tratava de autênticos vestígios da época paleolítica”

Foto por Sara Susano

PERFIL

Nome: Gérard Leroux
Data de nascimento: 13 de outubro de 1946
Naturalidade: Roubaix, França
Grau Académico: Diplomado em Filosofia, Teologia e Línguas Antigas na Universidade de Estrasburgo
Percurso Profissional: Foi assistente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Dedica-se ao estudo da Ordem de Cister em Portugal desde o início dos anos 80, estando a viver em Alcobaça desde 2007. Foi durante seis anos responsável do arquivo histórico da Santa Casa da Misericórdia de Alcobaça.

O historiador francês a viver em Alcobaça, Gérard Leroux, no final de 2014, enquanto limpava o seu quintal, descobriu centenas de pedras que considera pertencerem ao Paleolítico. O aspeto e a técnica utilizada para o seu corte é o que o levam a pensar assim, explicou a’O ALCOA.

 

Quer contar-nos como esta descoberta aconteceu?
Eu andava, com um ancinho, a retirar o lixo acumulado no fundo do jardim da casa onde moro (que é pertença da Santa Casa da Misericórdia de Alcobaça), e encontrei diversas pedras que me despertaram a curiosidade: seixos rolados e fraturados, e pedras lascadas de aspeto pouco habitual. Em finais de outubro, quando examinei melhor as pedras que tinha posto de lado, não tardei em adquirir a certeza que se tratava de autênticos vestígios da época paleolítica, não só devido ao seu aspeto insólito como à técnica que presidira ao seu talhe e que as diferenciava nitidamente de quaisquer pedras vulgares.

Na sua opinião, o que é que pode explicar a presença destes vestígios naquele sítio?
Antigamente, toda esta encosta, a sul do mosteiro, onde foi mais tarde edificada a quinta do Colégio da Conceição, era designada por Encosta de Algaraminha. Aliás, os monges chamavam à torre sul da igreja, a torre de Algaraminha. E houve também, aqui, até ao século XIX, uma quinta, ou serrada, com este nome, referida na “Alcobaça Illustrada” de Frei Manuel dos Santos e em muitos documentos do arquivo do mosteiro. Algaraminha é uma palavra de origem árabe. Al-gar, em árabe, designa uma caverna, uma gruta, um antro. Terá havido, pois, neste local, em tempos antigos, antes da sua urbanização, uma gruta, hoje desaparecida, mas cuja lembrança se manteve na toponímia local e onde os homens da pré-história, presumivelmente, se abrigavam. Nesta hipótese, nada mais natural que, perto desta gruta, num terraço sobranceiro ao rio, aqueles homens produzissem os instrumentos de pedra de que necessitavam. Por isso sugiro que este jazimento paleolítico de Alcobaça fique doravante conhecido como “Jazimento de Algaraminha”.

(Leia a entrevista na íntegra na edição em papel de 22 de janeiro de 2015)

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