Lavagem de cenouras no Rio da Areia

Foto por Vallado dos Frades um século de fotos

Valado dos Frades sempre foi uma terra com fortes ligações agrícolas. Segundo alguns historiadores, chegou mesmo a existir uma escola na atual Quinta do Campo, fundada pelos monges e frequentada por estrangeiros, que vieram aprender as modernas técnicas agrícolas aqui desenvolvidas. Mas foi nos anos de ouro da agricultura, décadas de 70 e 80, que a vila se destacou pelo cultivo de cenouras, havendo atualmente ainda gente da terra associada à sua produção. O cultivo das cenouras era uma atividade rentável e empregava muita gente, tanto local como vinda de outras paragens contratada pelos grandes agricultores que, face ao volume de produção, necessitavam de mão de obra. As cenouras que saíam da terra tinham que passar por um processo de lavagem manual, que era feito na altura no rio que apresentava melhores condições, o rio da Areia. Em épocas de grande atividade, as sacas eram espalhadas pelo seu leito, marcando assim o local para a sua lavagem. Este era um trabalho essencialmente feito por mulheres. As cenouras eram metidas dentro de um poceiro de verga e depois eram agitadas o mais possível de modo a que não se partissem. O objetivo era retirar o máximo de terra que traziam aquando do arranque do solo, a qual saía pelas farripas de verga do poceiro. Eram depois ensacadas em sacos de sarapilheira, que mais tarde deram lugar aos sacos de ráfia plástica, de forma a chegarem limpas ao mercado. Este era um trabalho extremamente duro, pois os trabalhadores passavam horas numa posição dobrada em grande esforço, metidos na água do rio de inverno ou de verão, com temperaturas e condições atmosféricas nem sempre agradáveis. Só nos finais dos anos 80 é que se começaram a lavar as cenouras com máquinas artesanais, que foram sendo ao longo dos tempos substituídas por outras mais sofisticadas. A grande maioria das cenouras aqui produzidas eram enviadas para os mercados da Ribeira e do Rego em Lisboa e também para Coimbra. Até aos finais dos anos 80, saíam por dia do Valado dos Frades várias toneladas de cenouras, mas com o evoluir das técnicas agrícolas, os preços baixaram e deixou de ser rentável o seu cultivo.
Desta tradição já pouco resta. Atualmente o cultivo das cenouras é essencialmente uma produção para consumo local e o rio da Areia tem agora as suas margens cobertas por uma vasta e densa vegetação.

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