Museu da Rádio

Os alcobacenses foram surpreendidos com o anúncio da instalação de um Museu da Rádio no concelho. Não que a posse de tal espólio, por parte da autarquia, fosse desconhecida. O que ninguém esperava era que, tão pouco tempo após a apresentação do plano estratégico do município, o próprio município apresentasse um projeto estratégico para a cidade que não consta no referido plano estratégico. Confuso, não é?
Sem prejuízo da incapacidade do presidente da autarquia em discutir, definir e cumprir uma estratégia de futuro para o concelho com a oposição, centremo-nos na análise do pensamento subjacente à apresentação de mais um projeto para o concelho que implica, à cabeça, um investimento de 280 mil euros.
Alguém acredita que Alcobaça tem escala suficiente para conferir viabilidade económica a mais um espaço museológico de raiz? Será este museu, verdadeiramente, um pólo de atração turística?
Francamente, não me parece que Alcobaça aumente a sua competitividade turística com a criação de mais infraestruturas. A câmara pode continuar a investir fortemente, como fez – infelizmente, com os resultados que se conhecem – com o Jardim do Amor e com o transporte turístico para Cós e como fará com o Parque Verde e com o Museu do Rádio, mas enquanto não implementar as reformas que são urgentes, a montante, para modernizar a relação do concelho com o exterior, vamos continuar atrás daqueles que priorizam a inovação e a criatividade na forma como se relacionam com os turistas. É que museus já há muitos.
Por exemplo, não temos um site exclusivamente dedicado à promoção e divulgação turística de Alcobaça, lá fora, disponível nos idiomas mais falados mundialmente. Não disponibilizamos um serviço online de venda de passes turísticos para a nossa rede de hotéis, restaurantes, museus, monumentos, entre outros, nem facultamos uma oferta integrada (diversos serviços num só) aos nossos turistas. Não temos uma aplicação mobile para smartphones, que contemple roteiros turísticos de âmbito municipal, oferta diária da nossa restauração ou até descrição sonora (em vários idiomas) dos nossos monumentos e lendas. Não temos um Welcome Center na cidade que receba condignamente as centenas de autocarros que chegam, com sanitários decentes e posto de turismo de apoio, já para não falar nos dias de chuva. Não conseguimos sequer ter o Parque de Campismo a funcionar.
E a prioridade é criar mais uma infraestrutura dependente financeiramente da câmara, sem qualquer integração numa estratégia municipal previamente definida, dando continuidade às medidas em cima do joelho e sem coerência entre elas?

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