O “Senhor dos Estores”

António Luís Ramalho, que nasceu a 6 de março de 1941 no Taveiro, Benedita, foi fazendo o que a vida o deixou fazer e arranjou sempre forma e maneira de a colorir. O “Senhor dos Estores”, como é carinhosamente chamado, sobrepõe-se já a António Luís Ramalho. Hoje em dia, é pelas suas quadras e histórias que as pessoas sorriem, enquanto as mãos habilidosas de Ramalho arranjam pequenos estragos do tempo. “Estar reformado não é assim tão mau”, confessa. “Os dias são passados nos afazeres de outros tempos, agora mais por gosto do que por vontade”. Em criança recorda que tinha um medo da professora que o bloqueava mal entrava na escola e que demorou cinco anos para fazer os três únicos anos de escolaridade daquele tempo. Não gostava nem de ler nem de escrever e foi por acaso que começou a fazer quadras, enquanto ia trabalhando nos estores, já em adulto. Os três filhos são a sua grande inspiração, a par das viagens que fez à Terra Santa e a lugares de culto religioso. Trabalhou no campo, foi carpinteiro, profissão que agarrou aos dezassete anos e depois frequentou a tropa obrigatória, durante duros trinta e dois meses. Começou a lidar com estores, “numa emergência”, porque “na Benedita não havia quem fizesse o serviço”, e assim o “Ramalho da carpintaria” largou o apelido e passou a ser o “Ramalho dos estores”. Muitas vezes perguntam-lhe como estuda as quadras, como tem tempo para pensar nisso e o “Senhor dos Estores” sorri e diz que “é deitado no sofá, a ver o Preço Certo”. As quadras e rimas sempre viveram nele, mas não gosta que o chamem de poeta. Para ele é simplesmente natural contar as suas histórias de vida fazendo as rimas que engraçam os seus biscates.

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