Os bastidores de “Amália – O musical” com Filipe de Moura

Ao cair da noite, as luzes e sons que a povoam a rua das Portas de Santo Antão denunciam o frenesim de turistas e visitantes ocasionais na baixa lisboeta. Ao lado da entrada principal do Teatro Politeama, uma pequena porta, seguida de um igualmente pequeno hall de entrada, separa os atores e produção do musical Amália do reboliço.
Dentro de portas, há um ritmo próprio que o vimeirense Filipe de Moura vai começando a conhecer de cor. Por ali passaram, desde a construção do teatro na segunda década do século XX, nomes como Armando Cortez, Vasco Santana, Ruy de Carvalho ou Amália Rodrigues. A presença da fadista continua a ser notória mesmo depois da sua morte em 1999. Aquele foi também o ano da estreia do musical em sua homenagem, produção de Filipe La Féria, que em 2017 regressou com um elenco renovado.
O acesso aos camarins faz-se por corredores estreitos, onde o branco das paredes é suplantado por uma luz azul que ilumina o espaço. O percurso é apertado, entre cumprimentos os atores cedem passagem até ao destino. O primeiro trabalho com Filipe La Féria foi na Gala das 7 Maravilhas, no Campo Pequeno em 2007. Mais tarde, segundo o cantor, surgiu nova oportunidade de trabalhar com La Féria, que acabou por não se concretizar.
Para chegar ao seu camarim, Filipe de Moura tem de passar pela entrada do palco. De quarta a domingo, é ali que encarna o papel de Alberto Ribeiro. A sala que impressiona mesmo vazia deixou o tenor boquiaberto pelo menos por uma vez nos últimos meses. Depois de interpretar um dos temas do Fado de Coimbra da figura da música e cinema português das décadas de 1930 e 1940, um grupo vindo da cidade dos estudantes saudou o intérprete com uma longa salva de palmas, tão longa que o momento da sua saída de palco se tornou periclitante.
No camarim de Filipe cabem cinco atores. O espaço não tem mais do que meia dúzia de metros quadrados, por entre adereços, fatos a usar mais tarde e o espelho onde se encarnam as personagens. Entre os mais de 60 colaboradores que compõem a produção, Filipe diz-se impressionado com os colegas. Alain Oulman, compositor ligado a alguns dos melhores momentos da carreira de Amália Rodrigues, surge na segunda parte, numa interpretação carregada de simbolismo, assegura Filipe. É o momento que mais o impressiona, onde a música e a interpretação se igualam. De Alexandra, que interpreta desde 1999 a figura mais madura de Amália, garante que se mantém “fantástica”. Uma figura que diz Filipe, resume o que o público pode encontrar em palco: “a alegria e tristeza constantes em Amália que dizia não ser feliz, mas antes bem disposta”.

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