Os mais pobres é que se lixam

É sempre assim: os mais pobres é que se lixam.

Em Portugal, passámos mais de trinta anos a gastar mais do que podíamos. A fatura haveria de aparecer. O que aconteceu com Portugal, aconteceu com os parceiros europeus. Foi a época do despesismo.

Chegada a hora da verdade – ela algum dia teria de chegar – vivemos horas de aperto. A Europa também. Só que, nas horas de aperto, os ricos ficam mais folgados e os pobres ficam mais apertados. Acontece assim com os indivíduos, com as famílias, com os grupos. Acontece também assim com as nações. Logo, os mais pobres, os países periféricos desta Europa, infelizmente comandada pelos alemães, são os que mais sofrem. Onde para a solidariedade que presidiu à União?

Valha-nos, a nós, portugueses, que outros (Grécia, Irlanda, Espanha, Itália – por enquanto…) estão também em maus lençóis. Os nossos vizinhos espanhóis aí têm igualmente um resgate internacional, o que lhes causa muitos engulhos, eles que diziam que a Espanha não era Portugal. Veremos quais as condições que vão ser aplicadas. Os gregos, com novo governo, pedem, para já, mais algum dinheiro e um maior prazo, dois anos mais. É sabido que as nações em dificuldades têm sempre necessidade de recorrer à ajuda internacional e de apelar à compreensão para os problemas com que, pontualmente, se confrontam. Esta foi uma das razões que levou à criação do Fundo Monetário Internacional.

O governo português, porém, seguidista de Ângela Merkel duma forma suicida, teima em seguir o caminho da austeridade pura. Ou seja, depois da época do Despesismo, entramos na época do Miserabilismo. É evidente que Portugal, se não precisa de mais dinheiro, precisa, ao menos, de um prazo mais dilatado para cumprir com sucesso os seus compromissos. Mas a teoria oficial é que está tudo bem, somos bons alunos, (que raio de expressão, esta) vamos cumprir, custe o que custar. Vai custar sim, vai custar e muito, sobretudo aos que menos podem. Pois é, isso é que é o pior, é que com esta teimosia, os mais pobres é que se lixam.

E bem.

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