Quando os professores sentem que ensinar deixou de fazer sentido

Num universo de 672 professores das escolas dos concelhos de Alcobaça e da Nazaré, 17% (111 profissionais) estiveram ou estão atualmente de baixa. Destes, para 15%, deve-se a stress, ansiedade e depressão derivados da profissão. E há ainda os que mesmo em tensão continuam a dar aulas.

“Não consigo dar conta do recado. Já não sei o que estou a fazer”. Foi esta sensação de incapacidade, no meio de um acumular de outras emoções que levaram Joana e Paula, professoras por paixão e convicção a deixar de fazer aquilo de que tanto gostam: ensinar.
Os nomes são fictícios mas o que vivem é bem real. Joana, professora de Ciências Sociais e Humanas num agrupamento de escolas da região, está de baixa por burnout (stress profissional), desde o início do ano letivo. A ensinar há quase 30 anos, enumera alguns fatores que precipitaram a situação: o excesso de carga horária, as reuniões constantes e intermináveis, a diversidade de tarefas e o excesso de burocracia e regras que são cada vez mais exigidas aos docentes. “Adoro ser professora e a relação pedagógica que se estabelece, mas neste momento perdi esse sentido”, refere, lembrando que corria “feita tonta” de um lado para o outro, com a sensação de que “alguma coisa devia ter deixado por fazer em qualquer lado”. A professora salienta que procurou sempre adaptar-se ao que lhe foi sendo pedido. Hoje sente “uma grande angústia e um grande vazio”.
Sentimento semelhante partilha Paula, professora de Línguas, colocada em Lisboa, apesar de residir em Alcobaça. Distância que aponta como um fator de desestabilização emocional. A docente, de baixa desde janeiro, relata que quando o stress profissional a levou ao médico e ele viu o estado em que se encontrava a mandou para casa. “Eu ainda me recusei”, revela, “porque estava cheia de reuniões, tinha uma pilha de testes para corrigir, as aulas para preparar e entrei em pânico”.

 

(Saiba mais na edição em papel e digital de 18 de maio de 2017)

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