Uma boa leitura cultiva o espírito e molda a inteligência. Não estou a ver, por exemplo, os leitores do diário “Público” a votar no Chega. Porquê? Porque os leitores do Público costumam ler bons jornalistas e bons colaboradores deste jornal. Ainda há dias Pacheco Pereira escrevia que “não há qualquer movimento ascendente em política que não seja o populismo dominado pela questão central do combate à imigração. A sua expressão política é o Chega…” para depois acrescentar que “são precisas respostas. A primeira resposta é reconhecer que se está muito mal e que, tendo em conta a lei de Murphy, vai ser tudo muito pior. A segunda é perceber como se chegou aqui, com um modelo de economia que favoreceu os de cima… terceira, a evolução da economia capitalista associou – se a uma ecologia comunicacional que premeia a ignorância agressiva, a solidão, a desagregação de todas as relações que não passem pelas redes sociais… A quarta resposta é o combate, sem transigência, pela democracia…” E Pacheco Pereira exorta: “Denunciem os grandes mentirosos, os violentos, os falsificadores, a invasão das redes sociais pelos repetidores da extrema- direita”.
Já António Barreto escreveu naquele jornal: “Parece anunciar-se a pior polarização de todas: a das forças irracionais e sectárias. As duas últimas eleições legislativas foram o sinal de partida do processo de desequilíbrio e de fragmentação… Os movimentos de diálogo e de aproximação entre o PSD e o Chega não só antecipam o pior que pode acontecer à democracia, a sua queda “por dentro”, como não parecem ser combatidos pelo PS nem pela totalidade da esquerda”. A jornalista Teresa de Sousa, também no Público, escreveu: “A Alemanha assumiu finalmente o papel que lhe cabe na prioridade que hoje ocupa o topo da agenda da União: a defesa. A administração americana deixou de olhar para os europeus como aliados…” E finaliza: “No meio das fantasias delirantes e dos auto-elogios, os alvos principais de Trump são a Europa e o multilateralismo”.
Pois é: aconselha-se boas leituras, de gente que sabe, para podermos formar opiniões a sério.