Em 1889 a população alcobacense vê nascer a primeira redação de semanários, Correio de Alcobaça, impressa na Typografia Coelho-Rocio. Em janeiro de 1890 o jornal muda o título para Semana Alcobacense (1890-1923), ficando ao encargo da Typ. Oliveira e sendo orientado por António Miguel d’Oliveira e Serras Conceição. Em 1891 surge o jornal De Alcobaça (1891-1896) publicado pela Typ. A. Coelho da Silva, que já mantinha atividade com a distribuição mensal do boletim de anúncios comerciais, Alcobacense (1874-1891). Em 1899 abre o Notícias de Alcobaça (1899-1918), orientado pelo editor Guido da Silva. Existiu ainda O Republicano num período bastante curto de três meses em 1908, editado por Américo Lopes d’Oliveira e Raúl Proença, que se destinava à publicação exclusiva de artigos de debate e propaganda republicana.
Os redatores procuravam distanciar-se das controvérsias políticas e partidárias, porque temiam perigos em influenciar meios mais populares. Contudo, não escondia a simpatia pelas novas ideias. Os jornais registavam com frequência a violência verbal ocorrida nos debates parlamentares, e o aumento da insatisfação com a dissolução dos governos. Relatam que: “as sessões têm sido d’uma agitação, tendo-se chegado às maiores das violências de linguagem” e de um “abandalhamento no systema representativo”, Semana Alcobacense, 9 e 22 de maio de 1909; “Sucedem-se os governos, alternam-se no poder os homens […]; contudo os problemas de mais vasto alcance para a vida económica do país vão ficando sempre sem solução […]. Os governos têm-se entretido com futilidades”, Notícias de Alcobaça, 21 de agosto de 1906. Criticam-se os luxos da família real. “Um escândalo!”, é o título da Semana Alcobacense, em julho de 1898, sobre como “se joga o dinheiro do povo, […], quando a miséria do país é tão grande e profunda”. Anos mais tarde, o trágico Regicídio é visto como um infeliz e horrível desfecho que apenas veio aumentar os momentos de pânico e piorar a tensão política. Por ocasião da implantação da República, ansiava-se pela esperança de “gloriosa pátria, o sossego, a paz, o progresso e a prosperidade” que viesse corrigir e acabar com os erros, as intrigas e a imoralidade política, Notícias de Alcobaça, 16 de outubro de 1910.
Nas tabernas ou barbearias eram lidos os jornais para que todos os ouvissem. Os lugares de comércio proporcionavam esse tipo de encontros e convívio, nomeadamente masculino. A proliferação da imprensa impulsionou modificações no quotidiano e na sociabilidade das gentes, porque aproximou as minorias à discussão dos assuntos do espaço público, tendo sido indispensável para se criarem referências na construção da opinião pública. Os jornais locais não deixavam cair no esquecimento a rebelião, as fragilidades do sistema e o atraso em que vivia país.