A Sala dos Monges. Revisitando o Mosteiro

Esta sala, dita “sala dos Monges”, existia em quase todos os mosteiros de Cister, porque todos os mosteiros tinham mais ou menos a mesma configuração, quer os edifícios conventuais estivessem situados a norte quer a sul da igreja abacial.
Ao longo dos séculos, esta sala recebeu várias utilizações: foi noviciaria, sala de reunião, sala de trabalho, adega, entreposto… No fim, os monges chamavam-na, prosaicamente, “a tulha”. Era aqui que se guardava o grão, o milho, o arroz, os legumes, a farinha, o vinho, o azeite, o peixe seco, a carne salgada, enfim, tudo o que era preciso para a preparação das refeições.
Frei Manuel de Figueiredo, que foi o principal cronista do Mosteiro em finais do século XVIII, refere uma inundação muito violenta, sobrevinda em dezembro de 1774 (e não em novembro de 1772, como se escreve um pouco em toda a parte, na sequência de um erro de leitura de Manuel Vieira Natividade, repetido pelo seu filho Joaquim). Num instante, a vila ficou completamente inundada. A força da enxurrada foi tal que derrubou a porta, e a água – ou, mais exactamente, o lodo – invadiu tudo. Sete palmos de altura… Tudo submerso, ou a boiar: sacos de arroz, tonéis de vinho, barris de salmoura, tudo…
O forte declive do terreno foi sabiamente compensado por degraus e paredes muito fortes, que parecem as de uma fortaleza. Esta sala, que é das mais antigas do Mosteiro, talvez a mais antiga, sustenta o dormitório.

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