A visita do Papa vista por D. José Traquina

Foto por Agência Lusa

O ALCOA  pediu a D. José Traquina, Bispo auxiliar de Lisboa, que esteve muito próximo do Papa Francisco, o seu testemunho sobre a vinda do Santo Padre a Fátima, de 12 a 13 de maio, no Centenário das Aparições. 

“O Papa Francisco podia ter vindo a Portugal com outro estatuto, mas quis vir só a Fátima como peregrino, para a celebração dos cem anos das Aparições e canonização dos Pastorinhos Francisco e Jacinta. Foi assim que se apresentou, assumindo que seria um peregrino de referência para os outros peregrinos e, com linguagem simples, mostrou uma vez mais a sua preferência pela proximidade ao Povo de Deus.
Chegado à Capelinha das Aparições, Francisco colocou um buquê de flores junto à imagem de Nossa Senhora de Fátima numa atitude orante: as flores representam os filhos de Deus por quem o Papa tem a responsabilidade de cuidar como Pastor universal. Depois, fez uma oração em silêncio de oito minutos, conseguindo que uma multidão de centenas de milhares de pessoas o acompanhassem. Mais tarde, revelou que ficou impressionado como a multidão o acompanhou no silêncio orante. Aquele silêncio possibilitou a que “disséssemos” tudo o que não diríamos por palavras e sobretudo o fizéssemos acompanhados por aquele peregrino especial que tem a responsabilidade de promover a comunhão da fé da Igreja.
Na oração por palavras, o Papa Francisco foi criterioso e corajoso. Em linguagem simples e referenciando-se à “Salvé Rainha, bem-aventurada Virgem de Fátima, Senhora do Coração Imaculado”, orienta o seu louvor para Deus Pai, para Cristo e para o Espírito Santo, tendo como súplica a paz do mundo, a concórdia entre os povos e a sua missão, assumindo-se como Peregrino da Luz, da Paz e da Esperança.
Concluída a oração com a consagração pessoal em comunhão com todos os peregrinos, o Papa Francisco colocou junto da Imagem de Nossa Senhora de Fátima a “rosa de ouro”. Uma distinção que os Papas atribuem a santuários ou outras entidades em reconhecimento por serviços prestados à Igreja.
Após a oração do Rosário, o Papa Francisco dirigiu uma reflexão aos peregrinos, tendo como referência a figura e missão da Virgem Maria e a Misericórdia de Deus. No centro da reflexão está a pergunta à qual o Papa desenvolve ainda em mais perguntas: “Peregrinos com Maria… Qual Maria?”.
O Povo de Deus manifesta uma devoção enorme para com a Virgem Maria, a quem trata por Nossa Senhora, mas tem necessidade de progredir no aprofundamento da Fé, para que a devoção mariana não se reduza a uma cultura popular sem esclarecimento e sem consequências na vida cristã, a ser testemunhada nos mais diversos âmbitos da vida de cada cristão. Por outro lado, também não pode a devoção mariana esclarecida ser própria de uma elite cultural com requintes de separatismo. Portanto, o lugar da Virgem Maria no contexto da Fé do Povo de Deus, que não deve ser tratada como uma qualquer “santinha”, parece-me reposto por esta breve reflexão. O Papa apelou ainda aos cristãos em Fátima a súplica pelo conhecimento de Jesus. Por Maria a Jesus. Celebrar os cem anos das Aparições de Fátima, com a presença do Papa Francisco e a canonização dos Pastorinhos Francisco e Jacinta Marto, foi um privilégio.
Foi ainda um privilégio como bispo da Igreja em Portugal poder estar próximo do Papa, rezar e concelebrar com Ele e poder cumprimentá-lo e tomar uma refeição na sua companhia. Mas tudo isto soa a desafio. Tudo isto é continuação do Evangelho em que a alegria e a paz nos une na missão de sermos pastores fiéis, seguindo Jesus, Bom Pastor da humanidade, na companhia maternal da Virgem Maria.
A presença do Papa Francisco entre nós foi uma graça para o crescimento da Igreja e também a confirmação de que, com a intercessão de Nossa Senhora, o Santuário de Fátima é cada vez mais o “coração espiritual de Portugal”.

 

(Saiba mais na edição em papel e digital de 18 de maio de 2017)

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