“Acredito que hoje em dia devemos possuir conhecimento de tudo um pouco”

Entrevista a Pedro Constantino, alun0 do Externato Cooperativo da Benedita e um dos melhores alunos do concelho de Alcobaça, com média final de 19, no Curso de Ciências e Tecnologias.

Leia agora a sua entrevista na íntegra.

Com que média terminaste o 12º ano? Média final foi de 19 e de exames 17,9.

Ficaste satisfeito com os resultados?

Sim, fiquei muito contente com os meus resultados. Em princípio, os meus resultados permitem-me escolher qualquer curso, em qualquer lado, o que é muito confortável. Era, aliás, desde o início, um objetivo ser bem-sucedido no secundário. (E posso agradecer, em grande parte, à escola e professores que me acompanharam ao longo do ano.

A que se deve o resultado atingido?

No início do 10º eu queria muito ir para Medicina. Apliquei-me muito nos primeiros períodos, e tudo começou a correr bem – apanhei-lhe o jeito. A partir do 11º, embora já estivesse a colocar de parte a ideia da medicina, continuei com atenção nas aulas e a estudar um pouco em casa e consegui manter os bons resultados. Acho que passa muito pelo tomar parte ativo e interessarmo-nos pelo que estamos a aprender.

Que curso e que universidade pretendes ingressar? – Porquê esta opção?

Neste momento estou muito inclinado a escolher estudar Engenharia Biomédica no Instituto Superior Técnico, em Lisboa. Engenharia Biomédica porque é, na minha opinião, o curso mais multidisciplinar na área das ciências e acredito que hoje em dia devemos possuir conhecimento de tudo um pouco: quanto mais conseguirmos relacionar umas coisas com as outras, mais probabilidade existe de surgir inovação. Escolhi o Técnico porque me transmitiram muito boas considerações acerca da exigência a nível académico e porque, além disso, é uma instituição conhecida pelas suas ligações e parcerias com o exterior, que proporcionam aos alunos novas oportunidades.

Como foi a tua dedicação ou plano de estudos durante o 10, 11 e 12º anos?

Como referi em cima, no 10º ano apliquei-me muito por causa da ideia de Medicina – deixei inclusive de ser federado no clube local de futebol (o ABCD) para me poder dedicar ao máximo. No 11º ano, quando já tinha algum à vontade e estava totalmente adaptado à intensidade do curso e do secundário, consegui manter os bons resultados com menos esforço. Na minha opinião, o importante é estar realmente na aula: ouvir, perguntar, participar e estar com atenção. Se nos interessarmos pelo que está a ser lecionado, torna-se muito mais simples dominarmos a matéria e acabamos por nem ter de estudar tanto em casa. Curiosamente, a partir do 11º ano, embora estudasse menos em casa, consegui subir os meus resultados. E devo isso, em grande parte, à maior pro-atividade que demonstrei nas aulas.

Que objetivos tens para o futuro?

Sinceramente, é muito complicado dizer quais são os meus objetivos neste momento. O país não está com boa cara e tudo o que é ir para fora é um mistério, porque só surgem oportunidades quando estamos na universidade e entendemos realmente o curso em que estamos. Mas se tivesse de desenhar um plano, provavelmente pintá-lo-ia com um mestrado integrado cá, em Portugal, depois um doutoramento fora e, quem sabe, depois, participar em projetos de investigação ou, se criar algum tipo de inovação no doutoramento, criar uma empresa e explorar essa criação. Não sei, contudo, se vai ser realmente assim. É apenas algo que me parece positivo, neste momento. Veremos!

Que mensagem/conselho queres deixar aos teus colegas ainda no secundário?

O secundário é muito mais do que um ingresso para a faculdade. O secundário é quase a nossa última oportunidade para aprender um pouco de tudo e de nos prepararmos para uma fase nova da nossa vida – a vida académica. Para além do mais, os programas são interessantíssimos e se estivermos disponíveis a aprender coisas novas, o secundário é antes uma fonte de conhecimento e de novas ideias. Eu, que sou de ciências, ia sempre com gosto para as aulas de português, porque realmente aquela foi, muito provavelmente, a última oportunidade que tive de aprender sobre história, arte e literatura. Quem diz português diz outros assuntos que se trataram ao longo do secundário. Mais: no secundário surgem oportunidades de desenvolver projetos e participar em ações que nos enriquecem imenso. Eu, por exemplo, fiz muitos tipos de voluntariado este ano e estou muito contente por terem aparecido essas oportunidades. E, por outro lado, participei num concurso com um projeto científico – e essa experiência acabou por ser extremamente enriquecedora. Enfim, o secundário é normalmente visto com má cara, mas é, até agora, a parte do meu percurso académico de que mais gostei. Acho que deve, acima de tudo, ser feito com entusiasmo, pro-atividade e interesse.

2 respostas

  1. Foi um orgulho e uma fonte de inspiração ser tua professora e parceira no voluntariado. Desejo-te o melhor do mundo. Tu mereces, Pedro Constantino!

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