Alcanena e Benedita ligadas pela história dos curtumes

João Maurício
Professor de História aposentado

O Museu Municipal de Alcanena, inaugurado a 4 de outubro de 2024, tem como principal objetivo a salvaguarda dos testemunhos materiais e imateriais do Ser Humano na área do concelho, numa perspetiva regional, comprometendo-se a contribuir para a reflexão do presente e preparação do futuro. Guarda em si uma história plural e singular do território, com 45 mil anos: um saber-fazer muito particular, assente nas dinâmicas de uma micro-região distintas: + Arqueologia, com achados das áreas daquele município; + Curtumes, única no país, pela sua especificidade técnica, científica e industrial; + História Local, de caráter etnográfico. O Museu tem um espólio grandioso, na área da indústria de curtumes, desde tempos imemoriais até à modernidade.
Vê-se que há ali dedo de quem sabe, já que aquela estrutura cultural prima pelo rigor científico e histórico.
Já em 1888, Gomes da Silva, na sua obra “Curtumes em Alcanena” escrevia que “o alcaneneiro é um homem laborioso. Vai, não manda”. De facto, Alcanena sempre foi terra de gente trabalhadora que subiu na vida a pulso. Passar por aquele museu é fazer uma viagem pelos tempos do Marquês de Pombal, pelos produtos aí fabricados que iam da sola às camurças, às peles de carneiro ou de vitela. É também possível uma viagem pelas atividades ligadas à indústria de curtumes, nomeadamente os sapateiros. Conseguiu-se preservar todo o espólio de maquinaria antiga ligada ao setor. Naquele museu está, também, ainda que de forma indireta, um pouco da história da Benedita.
Recordamos que a Fábrica de Curtumes da Benedita foi fundada em 1884. Chegou a ter 17 tanques para curtimento das peles.
Foi, inicialmente, propriedade de José Pedro de Almeida, até 1915. Os curtumes de Alcanena foram comercializados, na Benedita, desde 1910 pelos comerciantes: Martinho dos Santos, Manuel Ferreira Ramalho, José da Silva, Adelino Rafael Serralheiro, João Machado Maurício, Joaquim Fonseca, Viúva de João Machado Maurício, António da Silva Quitério, Joaquim Neto Machado e Luís Machado Maurício. A Câmara Municipal de Alcanena está de parabéns por ter concretizado este sonho. Fica, assim, preservada a memória do que foi a indústria de curtumes, em tempos recuados. Um local a visitar pelas escolas para que a memória não se perca.

João Maurício
Professor de História aposentado

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