“Alcobaça tem de levar um abanão muito grande”

Nome: Manuela Pombo
Data de nascimento: 12 de julho de 1941
Naturalidade: Alcobaça
Atividade Profissional: Funcionária no Registo Civil de Alcobaça durante 46 anos
Quando se candidatou: 2002
Porque se candidatou: “Quando me reformei o presidente da Câmara (Gonçalves Sapinho) convidou-me para o cargo. Como eu estava livre, já tinha feito parte da assembleia de freguesia e já colaborava com muitas coletividades, decidi aceitar”.

Quais são os principais problemas que Alcobaça enfrenta?

O maior problema que todo o país enfrenta é o desemprego. Sem postos de trabalho não há desenvolvimento económico, não há pessoas na rua, o comércio começa a fechar e as fábricas a mesma coisa. E em Alcobaça passa-se isso mesmo. De há uns anos para cá as pessoas tiverem de voltar às origens – ficaram sem trabalho, deixaram de poder pagar os seus apartamentos e isso foi resultando numa desertificação da cidade. Por outro lado, o mosteiro apesar do seu valor inquestionável, limita muita coisa. O desenvolvimento tem sido feito à volta do mosteiro, mais agora com o alargamento da Zona de Proteção Especial do Mosteiro que aumenta de 200 mil metros quadrados para passar para um milhão. Qualquer coisa que se queira fazer tem de estar sujeito a autorização de órgãos superiores. Cada vez mais são os senhores de fora que mandam em Alcobaça.

O que se pode fazer para inverter a situação?
Alcobaça tem de levar um abanão muito grande para sair deste marasmo. Não depende só do poder político, mas também das mentalidades das pessoas. Há uns anos atrás se tem havido uma evolução maior na cidade, não quer dizer que as coisas estivessem melhores, mas penso que a situação era diferente. Entretanto, em Alcobaça só fica o mosteiro.

Quais são as obras feitas ou por fazer que considera mais relevantes para a freguesia?
Desde sempre que pretendemos fazer um passeio na rua da Levadinha, que é um perigo iminente. Também queremos arranjar na Quinta do Almeida e na Quinta da Conceição a zona de lazer. Propusemos fazer um muro de proteção ao castelo, porque aquelas terras estão constantemente a cair, e um passeio na rua do Castelo. E há mais coisas que já se podiam ter feito mas estamos sempre dependentes de terceiros. Contudo, já fizemos a praceta na Quinta da Roda, arranjámos o caminho pedonal da Aliceira, por trás da rua da Fonte Nova, fizemos as escadas entre a levadinha e a VCI e recuperámos a Igreja do Cemitério. Fazemos toda a limpeza dos arredores da cidade, é o serviço maior que fazemos mas não se vê. Temos ainda a manutenção da casa mortuária. Aquilo que fazemos mais, mais, mais é precisamente aquilo que não se vê. A Junta de Alcobaça não está tão à vontade para trabalhar e agir como estão as freguesias rurais, porque estamos dentro da cidade.

E a Praça D. Afonso Henriques e do mosteiro (25 de Abril)?
Isso é uma coisa que estou farta de batalhar. A Praça D. Afonso Henriques está uma vergonha, parece que as obras nunca foram acabadas. O fontanário não tem água a correr há meses. Não é só requalificar qualquer coisa, é preciso depois a manutenção, que não tem havido. Esta praça precisava de um arranjo muito grande. Alcobaça precisava de mais, mais, mais, mais…

Qual é a situação financeira da junta de freguesia?
A junta não tem problemas financeiros. Não há dívidas, até pelo contrário. Há verbas que quero ver se gasto antes de ir embora.

O que considera ser pilar de crescimento desta freguesia?
Alcobaça estando muito ligada ao turismo, também não tem muito para oferecer além do mosteiro. Temos alguns hotéis mas não temos restaurantes que possam acolher grupos grandes. Temos duas igrejas muito bonitas mas os turistas não vão lá nem há guias que os levem lá. Mas a maior parte das pessoas que vêm a Alcobaça visitam o mosteiro e vão embora. Alcobaça é muito pequenina, tem quatro quilómetros quadrados. Agora temos um concelho muito rico, que devemos aproveitar. Há alguns anos atrás, devia ter-se pensado num alargamento da freguesia de Alcobaça porque o Parque Verde, por exemplo, está na freguesia de Évora. Antes o limite era definido pela levadinha, agora é o rio. Ou seja, em vez do alargamento houve o contrário.

A proposta da união da freguesia de Alcobaça com a freguesia da Vestiaria faz sentido?
Fazer sentido faz. É a freguesia que está mais junta e Alcobaça tem a possibilidade de ficar maior. O país precisava de uma reorganização administrativa mas nunca houve coragem para mexer nestas coisas. As pessoas das freguesias rurais são muito agarradas ao que é seu, trabalharam muito para a melhoria das suas freguesias e é muito difícil agora aceitar e muito mais da maneira como está a ser feito. Eu não sei como vai funcionar, o que vão fazer às sedes, aos funcionários… O que me foi dito é que a sede fica em Alcobaça, mas não é nada oficial. Mas depois há outro problema: é que a Junta de Alcobaça é isto. Somos a única freguesia do concelho que não tem uma sede em condições. Já tivemos não sei quantas propostas mas depois fica tudo “em águas de bacalhau”.

Ser autarca é gratificante?
Sim, claro. Não me arrependo de nada. Só tenho pena de não poder ter feito mais do que aquilo que se fez. E gostava também que as pessoas colaborassem um bocadinho mais no que diz respeito a questões de cidadania.

Vai-se recandidatar?
Não. Já chega. Já são três mandatos e o último mandato deixou-me um bocadinho dececionada.

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