José Gonçalves e Filomena Marroquinho
Quem semanalmente vai ao mercado de Alcobaça, a feira semanal da segunda-feira, na Cova da Onça junto ao Centro Escolar de Alcobaça, encontra por ali comerciantes de vários produtos e artigos e de diferentes idades, mas José Gonçalves de 83 anos e a sua esposa Filomena Marroquinho de 90 serão provavelmente os vendedores mais «maduros» do lugar.
Foi no campo e a cuidar de animais que começaram a vida, a que juntaram depois a venda. Conforme revela a’O ALCOA José Gonçalves, “criámos quatro filhos, eu trabalhava na secção de pedreiro numa fábrica de vidro e ia de noite trabalhar para o tear para fazer mantas”. Um trabalho no qual a família também entrava e ajudava, com os filhos a cortarem os trapos para colocar no tear – mantas que levava para vender aos sábados e domingos da Marinha Grande, onde reside, para a Figueira da Foz, de bicicleta e com o atrelado atrás. Uma venda que alargou depois a outros lugares e feiras. Em Alcobaça já são vendedores assíduos há muito tempo. A sua banca com toalhas, mantas e panos é conhecida de muitos que por ali passam, e há clientes que levam sempre qualquer coisa para casa. Quem o acompanha neste caminho é a sua esposa Filomena Marroquino que, por ser mais velha, teve de esperar que ele tivesse idade, para «juntarem os trapinhos». Conforme recorda, “éramos vizinhos, por isso conhecíamo-nos desde sempre e eu estive à espera dele, sete anos”. José Gonçalves acrescenta, “já nos conhecíamos, namorámos pouco tempo, não chegou a um ano e logo casámos”. José Gonçalves não era um homem típico daquele tempo, era, como diz, “o homem e a mulher da casa” onde cresceu. Sendo o mais velho e sem a mãe, era ele que fazia a comida para os irmãos e lavava as fraldas. “Era uma vida dura, felizmente que os meus filhos passaram tempos melhores”, assume.
É com esta história de vida, carregada de vida, que José Gonçalves promete que, “enquanto tiver vontade e forças, vai continuar, pelo menos ainda mais um ano, a fazer os mercados: Alcobaça, Maceira, Marinha Grande e Praia de Pedrógão”. Nesta vontade sobressai o convívio e o gosto por aquilo que fazem. Uma paixão que os move aos 83 e 90 anos.