Um lugar-comum atribui aos bombeiros a denominação de “soldados da paz”. Porque digo isto? Para enquadrar melhor a ideia que defendo sobre a necessidade de pensar nesta importante comunidade de mulheres e homens durante todo o ano e, sobretudo, destacar alguns aspetos da sua saúde mental, de absoluta seriedade.
Os bombeiros são a maior e mais ativa comunidade de cidadãos unidos por um ideal, trabalhando de dia e de noite, muitas vezes de forma voluntária. No exercício desta atividade, a diversidade de situações adversas tem provocado elevadas taxas de mortalidade e uma prevalência elevada de riscos de saúde física e mental. Daí que os estudos sobre o trabalho dos bombeiros, em particular, têm ganho uma atenção acrescida nos meios académicos da Psicologia.
No passado mês de Maio, na apresentação de uma tese de Mestrado, na qual se pretendia conhecer as consequências da exposição a situações agressivas à saúde mental dos elementos de uma corporação de bombeiros da nossa região, concluiu-se, entre outros aspetos, que os elementos com mais anos de experiência profissional revelaram ser mais resistentes ao esgotamento emocional. Deste modo, tendem a evitar consequências negativas para a saúde mental, não apenas dos envolvidos, mas de todos os que de perto com eles se relacionam. Ficou igualmente claro que o “distanciamento psicológico” dos elementos participantes face aos eventos catastróficos, nos momentos posteriores à ocorrência dos mesmos, compromete negativamente o sucesso numa próxima intervenção.
Perante os resultados da investigação apresentada, a valorização desta problemática é de relevância acrescida, uma vez que o conhecimento dos riscos psicossociais associados à atividade exercida pelos bombeiros está intrinsecamente associada ao caráter humano destes profissionais. A ajuda inexcedível que estes dão às comunidades onde se incluem origina, muitas vezes, ruturas físicas e emocionais com consequências graves ao nível da saúde física e psicológica.