João Marques, de 79 anos, natural do Acipestre, conheceu a sua “Julinha”, de 76 anos, como carinhosamente a trata, num bailarico na Cela há 58 anos. “Era a rapariga mais bonita. Tive outras namoradas, mas assim que a vi, soube logo que era a mulher da minha vida”, recorda, como se estivesse a reviver o momento. Namorados desde aquele instante, começaram a encontrar-se na casa dos pais dela mas sempre com vigilância, que os tempos assim obrigavam, o que tornava complicado um beijo, ou um carinho. Mas João tinha uma estratégia: à segunda feira, quando o pai da namorada ia vender os seus produtos agrícolas ao mercado, o jovem que trabalhava na Crisal, aproveitava a hora de almoço, para ir às Jenrinhas, na Cela, ter com a sua amada. “Era o único dia em que podíamos namorar mais à vontade, mas um dia correu mal: os meus sogros apareceram de surpresa e logo por azar apanharam-me a dar-lhe um beijo”, conta. Casaram-se um ano depois. Da união resultaram dois filhos, três netos e uma bisneta, a pequena Matilde de seis anos, que agora lhes preenche os dias. Em Alcobaça, onde vivem há 51 anos, Júlia Marques, diz que aquele é o homem com quem sempre sonhou. Todos os dias lhe escolhe a roupa para vestir. “Gosto de o ver bonito; a minha família e o meu marido são a minha razão de viver. Em abril, completamos 57 anos de casamento, mas para mim é como se fosse ontem”, garante. Um amor que dizem viver todos os dias, lembrando cada momento a dois. Uma vida feita de respeito, cumplicidade e de muita partilha.

(Saiba mais na edição em papel de 5 de fevereiro de 2015)