Centro de Memória Viva

Um hotel de 5***** no Mosteiro? É pobre. No mínimo é uma discussão pobre, se sim ou não, quando deveríamos antes saber o quê e como fazer para este imenso edifício voltar a ser uma estrutura VIVA da Cidade. Que serviços deverá albergar. Com que objetivos. Em quanto tempo. O Mosteiro de Alcobaça é, pela sua NATUREZA, o lugar da religiosidade, o lugar da arte e da arquitetura, o lugar do conhecimento e, em última análise, o lugar da História. Uma religiosidade VIVA passa exclusivamente por garantir que os cristãos possam ter nele um lugar de culto? Uma arte e arquitetura VIVAS para que se usufrua dos espaços, se apreciem os valores arquitetónicos e a realização cisterciense nas mais diversas áreas artísticas, ou também para mostrar e criar arte? Um lugar de conhecimento VIVO essencialmente na possibilidade de transmissão dos saberes ancestrais ligados à agricultura, à hidráulica, ao uso dos solos, à administração do território e sobre os quais se produza novo conhecimento? Um lugar de História VIVA, onde se possa perceber como se estruturava a comunidade da Abadia, como nasceu a Cidade, a sua importância no contexto da Nacionalidade, como se fazia a administração dos Coutos, o contexto europeu à época da fundação, entendendo a História como instrumento para se entender o presente e projetar o futuro? Sabemos da importância da viabilidade económica que permita uma recuperação e manutenção sustentada do edifício. Mas se não sabemos o que queremos para o resto dos espaços como se podem negociar contrapartidas de forma assertiva com os eventuais interessados na exploração da unidade hoteleira? Quem deve/pode definir essas premissas? Os alcobacenses, a Câmara Municipal, a Direção do Monumento, a DGPC (Direção-Geral do Património Cultural)? Do cidadão comum devemos esperar o interesse e a exigência para que pelo menos o assunto não caia no esquecimento antes mesmo que caia o edifício. Estou certo que os alcobacenses abraçarão esta causa e porque não com um efetivo abraço ao Mosteiro?

Uma resposta

  1. Excelente reflexão, num momento em que cada vez mais, aquilo que a todos pertence apenas serve para fruição de alguns, é necessário não perder o norte nem trocar valores e história por um punhado de euros, que sabemos todos, não reverterão para a comunidade à qual pertence o Mosteiro.

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