Correio da Nova Zelândia – Viver em tempos de pandemia

Patrícia Rocha, 37 anos, natural de Turquel, reside em Hamilton, Nova Zelândia, desde 2018.
“Literalmente do outro lado do mundo, mais de 30 horas de voo, 11 horas de diferença horária e uma realidade bem diferente do resto do mundo.
A Nova Zelândia teve os seus primeiros casos de Covid-19 em fevereiro de 2020 e, a meio de março, o país entrou em lockdown completo durante dois meses. Durante este tempo dei aulas de inglês online mas o meu negócio de treinadora de cães teve que parar. Pequenos passeios a pé eram aceites, mas ninguém podia conduzir a não ser que fossem trabalhar na área da saúde ou bens essenciais.
Apenas os grandes supermercados estavam abertos. O acesso ao hospital e farmácia só por telefone primeiro. Nada mais estava aberto, nem a lojinha da esquina para necessidades básicas, ou entregas ao domicílio. Os aeroportos pararam por completo e ninguém estava autorizado a entrar no país. A polícia patrulhava as ruas e estradas e o exército fechou regiões e distritos. Pessoas na praia, à pesca ou longe das suas casas eram multadas. Foi duro e muito rígido, mas eficaz e, no final, morreram apenas 25 pessoas.
Em junho de 2020, o meu irmão ia casar e eu tinha passagem para ir a casa, mas o destino tinha outros planos. Até ao final do ano ainda havia um pouco de esperança que a situação mudasse, mas neste momento as fronteiras ainda estão fechadas para quem não é cidadão neozelandês (eu tenho cidadania australiana). Por isso, se sair não sei quando posso voltar. E, para quem consegue entrar na Nova Zelândia, existe uma quarentena obrigatória em hotéis isolados rodeados de segurança durante pelo menos 2 semanas o que custa 3.500 dólares por pessoa.
Estas medidas são a razão pela qual neste momento a vida aqui está de volta ao normal. Ninguém usa máscara, as festas, os concertos e os eventos sociais sem restrições voltaram. As pessoas estão de volta ao trabalho e as crianças à escola. Só se pode viajar no país, o que faz com que exista um sentimento de união e de se querer ajudar a economia interna, principalmente os pequenos negócios. O “Do something new New Zealand” é o slogan equivalente ao “vá para fora cá dentro” e que está a encorajar as pessoas a visitar e fazer coisas que nunca fizeram e serem turistas no seu próprio país.
Tenho muitas saudades de casa, da família e dos amigos, mas sinto-me incrivelmente abençoada por estar onde estou, ter saúde, trabalho e por estar deste lado do mundo nesta “bolha protegida”.

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