Da luta à lota. Nazaré é porto de abrigo que se quer afirmar como “Capital do Mar”

Carla Vitorino Veríssimo
Escritora

Conhecida pelas ondas gigantes, o carnaval, a pesca, o traje tradicional e o sotaque, a Nazaré é um porto de abrigo que se quer afirmar como “Capital do Mar”.
E é precisamente no Porto de Abrigo que Flávia Carvalho e Inês Casinhas, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), embarcam no “Avô Ricardo” e “Paz no Mundo”, barcos de redes de emalhar. A técnica de conservação marinha e a observadora de pescas trabalham no projeto europeu LIFE PanPuffinus, que visa proteger a pardela-balear, a ave marinha mais ameaçada da Europa. Muitas são capturadas acidentalmente em redes de pesca. Para o evitar, a SPEA tem vindo a testar o uso do papagaio-afugentador. Preso à embarcação por uma vara e em constante movimento, simula um predador ativo e tem-se mostrado eficaz. Para Ana Almeida, técnica sénior de conservação marinha da SPEA, “a colaboração próxima entre técnicos e pescadores é importante para juntos encontrarmos soluções”. Para que os trabalhos continuem na Zona de Proteção Especial de Aveiro-Nazaré, “a necessidade de garantir financiamento”, assim como a de “os pescadores reportarem capturas acidentais e serem parte ativa no caminho para uma pesca mais responsável” são aspetos cruciais, acrescenta.
Organizada pela SPEA e DOCAPESCA, com o apoio da associação Nazaré Marés de Maio, a exposição fotográfica itinerante “Dia de Faina: Olhares sobre a Pesca de Cerco”, foi inaugurada a 27 de junho na Figueira da Foz. As fotografias de Luís Ferreira retratam a pesca no mar, são um tributo à comunidade piscatória e uma homenagem à tripulação da traineira “Virgem Dolorosa”, que naufragou a 3 de julho de 2024, entre São Pedro de Moel e a Praia da Vieira, provocando a morte a seis pescadores. Naquela madrugada o alerta foi dado para a Polícia Marítima da Nazaré. Passado um ano as famílias das vítimas continuam a aguardar que sejam apuradas as causas do acidente. “Neste luto prolongado, gostaríamos que o apoio psicológico fosse mantido ou reforçado”, diz Alexandra Jacinto, filha de um dos pescadores falecidos.
Até final de setembro, a exposição estará patente ao público no Núcleo Museológico do Mar, em Buarcos, passando depois para a Nazaré, em data e local a definir. A SPEA continuará a ter um papel fundamental na conservação de aves, e a educação é essencial. Parte ativa na formação marítima ministrada na região tem sido também o Centro de Formação Profissional das Pescas e do Mar (FOR-MAR). Enquanto HUB AZUL SCHOOL tem apostado em práticas sustentáveis no setor da economia azul, como a qualificação contínua de profissionais dos setores das pescas, atividades marítimas e portuárias, assegurando o equilíbrio entre tradição, o ambiente marinho e a inovação técnica.

(saiba mais na edição de 31 de julho)

Carla Vitorino Veríssimo
Escritora

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