Até à década de 80 a água não era um bem abundante na zona dos Moleanos, Aljubarrota. Numa terra de muita agricultura, a água era recolhida de cisternas que a população construía e lagoas. Na zona da Cabouca, existe uma das mais concorridas cisternas da altura, que se enchia com a água da chuva e com a que escorria pela serra. Era onde a população se abastecia de água para os gastos domésticos; para a agricultura e gado serviam-se das lagoas. Esta cisterna era antigamente um poço de três metros, até à chegada do Padre Boaventura à freguesia de Aljubarrota, nos anos 60. Naquela década foram feitas três grandes obras nos Moleanos por iniciativa do pároco: o salão paroquial, o cemitério, e a recuperação e alargamento da cisterna da comunidade. Com esta obra, o depósito de água passou a ter uma dimensão de sete metros de profundidade e de largura, o suficiente para, nos meses de inverno, haver água para toda a comunidade. Naquela terra, a maioria das pessoas possuía um pequeno depósito nas suas propriedades, que ia enchendo com água da cisterna da comunidade. Na época, era rara a casa onde não havia uma junta de bois ou vacas. Portanto, a recolha era feita em carros puxados pelos animais. No verão, como não chovia, a população deslocava-se ao rio de Chiqueda. No sítio da Cabouca é também visível um antigo lavadouro de pedra. Com a instalação de canalização na serra na década de 80, a cisterna deixou de ser usada, ficando ao abandono. A sua estrutura ruiu parcialmente e muitas lagoas secaram. Sendo que Aljubarrota é uma zona bastante rica em património, a junta de freguesia tem apostado nos últimos anos na recuperação de património local. Assim, procedeu-se à recuperação da cisterna, em conjunto com uma fonte em Chiqueda, e a reconstrução do depósito da Cabouca arrancou quando já decorria o segundo milénio. Para José Lourenço, presidente da junta de freguesia de Aljubarrota “o que foi construído pelo povo é património e merece ser recuperado”.