Dez anos de Coz ART

Há memórias que ficam para sempre guardadas no nosso coração. Memórias de infância, como as brincadeiras na rua, sem perigos, até anoitecer; lembranças dos queijinhos de cabra da avó “Maria” ou do café das «borras» feito ao lume de lenha, numa cafeteira em barro, para acompanhar com aquela broa de milho acabada de fazer pela avó “Helena”. Café que guardava aquele sabor a aconchego, parecido com qualquer coisa indescritível, mas inesquecível. São as memórias que fazem de nós aquilo que hoje somos, e numa sociedade globalizada, digital, na qual as máquinas parecem ser cada vez mais vistas como um substituto dos humanos, a identidade e a autenticidade são valores a preservar – valores que identificam o projeto Coz ART. Foi há dez anos que nasceu, no Centro de Bem Estar Social de Coz, um projeto de inovação social que pensou em juntar a sustentabilidade da instituição de solidariedade social com a defesa da arte de tecer o junco, que se encontrava em vias de extinção. Uma ideia que tem vindo não só a valorizar e a revitalizar esta arte, mas também a dar a conhecer o Mosteiro de Santa Maria de Coz, com visitas a este magnífico Monumento Nacional.
O projeto tem permitido fazer um elo permanente entre a comunidade e garantir a preservação das esteiras, com diversas aplicações e produtos, e mantendo a vertente turística, não só com as visitas guiadas gratuitas ao Mosteiro de Santa Maria, mas também com o Pão de Ló de Coz, receita herdada das monjas que viviam no Mosteiro. Os dez anos desta iniciativa é uma das notícias em destaque n’O ALCOA. Assinalado no mês de maio, o mês das «mães» procura homenagear as mães, mestres nesta arte, um legado ancestral de um trabalho manual que vem do coração.
Catarina Ferreira Reis