No artigo anterior, foi afirmado que fazem parte do cristianismo social três realidades fundamentais: a experiência e o saber dos cristãos; o pensamento social cristão; e a doutrina social da Igreja.
A experiência e o saber dos cristãos foi objeto de uma apresentação ligeira; agora aborda-se, também ligeiramente, o pensamento social cristão. Podemos ver, neste pensamento, o conjunto de textos e de outras expressões de ideias cujos autores são cristãos, leigos ou não, individualmente ou em grupo, comprometidos nas questões sociais e não se pronunciando em nome da Igreja.
O padre jesuíta Jean-Yves Calvez, ele próprio um grande pensador social cristão, escreveu, para «Les Éditions du Cerf», três volumes que a Editorial Cáritas publicou em Portugal, com o apoio da Universidade Católica, sob o título «Cristãos Pensadores do Social»: o primeiro volume respeita ao período 1920-1940; o segundo ao pós-guerra (1945-1967); e o terceiro a depois do Concílio e após «68» (1968-1988). Fica de fora o período mais recente e, sobretudo, não são abrangidos os séculos que precederam o XX.
Considerando toda a história do cristianismo, talvez seja correto afirmar que os respetivos pensadores atribuíram prioridade a temas tão significativos como: Evangelho; pobreza e desigualdades gritantes; dignidade humana; justiça; caridade; utopias; intervenção social da Igreja e dos cristãos leigos; poder político e serviço; sistemas políticos; desenvolvimento humano; bem comum e bem-estar terreno, conjugado com a bem-aventurança eterna… O Evangelho é o quadro orientador básico do pensamento social cristão, e foi o grande inspirador, também social, das primeiras comunidades cristãs. A pobreza e as desigualdades gritantes são problemas claramente prioritários, desde o início até hoje. A dignidade humana constitui o princípio fundamental, enquanto a justiça e a caridade constituem os valores por excelência.