Mudou a perceção pública sobre a sua profissão?
Comecei a minha formação na primeira turma da Escola de Hotelaria de Fátima, em 1996. Não era uma área em que as pessoas tivessem orgulho, ninguém dizia que estava em hotelaria. A minha formação superior foi na Escola de Turismo do Estoril, na segunda turma que a escola recebeu. Estive no exterior, depois abri um restaurante na Benedita. Regressei mais tarde ao estrangeiro para me especializar. A verdade é que hoje é importante para além da confeção, a ciência, a investigação e também a tecnologia associadas à profissão.

Como é escolhido o Chef do Ano?
Numa primeira fase foram selecionados 18 chefs que vão prestar a primeira prova no final de abril ou início do mês de maio. O regulamento indica quais os alimentos a utilizar: bacalhau, vitela e limão para sobremesa, sendo a entrada livre. Cada um dos cozinheiros deve servir uma refeição com quatro pratos, sendo que os ingredientes não podem ultrapassar os 100 euros.

No último concurso privilegiou alguns produtos da região. Interessa-se por explorar alimentos tradicionais?
O mais importante é o sabor. Tento também na Escola de Hotelaria de Fátima [onde dá formação] valorizar os produtos regionais. Cada vez é mais importante voltar ao que é mais básico, conhecer produtores. Isto obriga-nos a conhecer os mercados tradicionais. Pensar no mais sazonal e natural possível, e usar alguns dos ingredientes da nossa região. Por exemplo, a maçã, mas também a cavala ou o porco malhado de Alcobaça. Tenho interesse por alguns produtos menos usuais, peças menos nobres, como é o caso da bochecha de porco. É o caso também do mexilhão, um marisco que tem muita qualidade.

Para além da formação também trabalha para jantares particulares?
Sirvo jantares em casa de particulares, um modelo de «chef em casa». Quando chegamos a casa das pessoas finalizamos as refeições e servimos uma refeição da mesma qualidade que podem ter num restaurante bastante bom. O chef tem a liberdade de escolher o que quer utilizar com base num determinado valor.