Na semana passada, no dia 12 de outubro, um senhor muito gentil, educado e simpático deixou-nos. O senhor Joaquim António, um dos três irmãos donos da TopModas, uma loja antiga do comércio tradicional da cidade de Alcobaça, partiu de forma inesperada, o que é sempre um choque. É-o para os familiares, para os amigos, para muita gente que com ele conviveu, como os clientes que sempre fizeram compras naquele espaço, mas também para quem todos os dias faz aquele trajeto junto à ponte do Rio Baça e o encontrava à porta do estabelecimento comercial, com um sorriso no rosto a desejar os bons-dias.
A TopModas é assinante d’O ALCOA há muitos anos. Na cidade de Alcobaça, a distribuição do jornal é realizada porta a porta, por muitos voluntários e também pela equipa d’O ALCOA. Sou eu que faço essa rua. Tantas vezes entrei na loja e entreguei o jornal em mãos ao senhor Joaquim, que nem quero acreditar que, na distribuição deste jornal, já não estará lá para me receber com um sorriso, ou perguntar qualquer coisa. Vou sentir falta de passar por lá e de não o ver.
A alma do comércio tradicional são as pessoas que dele fazem parte, sentia muito isso quando vivi e trabalhei em Lisboa, na antiga cidade, com lojas de bairro, ainda não descaracterizada e massificada pelo turismo, e sinto-o também aqui. Alcobaça ainda tem alguma dessa magia, lojas de proximidade, onde se estabelece uma relação, algumas de uma vida, ou de várias gerações. Lojas «abraçadas» por pessoas educadas que, além de dedicação e profissionalismo, oferecem gentileza, muitos sorrisos, que partilham dois dedos de conversa, que nos cumprimentam genuinamente como se fossem nossos vizinhos e são, vizinhos de atividade profissional. Pessoas que estamos habituados a ver e a conviver, mesmo quando vamos apenas no caminho de casa para o trabalho e vice-versa, e que nem imaginamos que um dia não estarão lá, como o senhor Joaquim António.
O comércio tradicional de Alcobaça ficou seguramente mais pobre.