Em momentos de vitória, muito haverá a dizer aos vencedores. Em pleno ambiente pós-eleições autárquicas, vão surgindo felicitações, afirmações entusiásticas, expressões de surpresa ou até “gritos do ipiranga”. A esses rios de tinta fez questão de se juntar o Senhor Patriarca, D. Rui Valério, preferindo a uma simples parabenização um verdadeiro conteúdo programático.
Logo após uma breve saudação a quem foi eleito, D. Rui refere a abertura ao serviço: “A todos manifesto o meu apreço pela disponibilidade e generosidade com que se dispuseram a dedicar tempo, talento e esforço ao bem comum.” Esta afirmação, impregnada de sentido cristão, vem contrariar o espírito do tempo em que teimamos com a crise do compromisso. Precisamos de gente disposta a sair dos seus casulos e a construir comunidade. Pois há todo um mundo à nossa espera, fora do cubículo do eu. Ainda para mais, se me fecho em mim, perco o sentido, pois fui feito para o amor. Para me dedicar aos outros. Segue-se uma expressão impactante nesta sua mensagem aos eleitos: “O verdadeiro poder não se mede pelo domínio, mas pela capacidade de servir.” Na verdade, se parto do princípio que o que tenho não me pertence mas é-me emprestado e que o mistério da vida se decifra no partilhar então faço de tudo para dar a cada um o que lhe compete. “Que o serviço político seja sempre expressão deste compromisso, ao serviço da paz, da justiça e da esperança.” Num tempo em que a política está tão descredibilizada, importa revitalizá-la pela solidariedade, pelo altruísmo, pela empatia. Pelo amor.
Quem dera que cada um dos nossos agentes políticos tenha a ousadia de colocar no centro do seu programa simplesmente o serviço. Antes de tudo o resto. Não esqueçamos: o amor é capaz das conquistas mais valiosas. Se o amor venceu a morte, de que é que não será capaz?