Extraordinários. Turquel

Neste 2020, em cada edição, pessoas extraordinárias em algum aspeto da sua vida, com ligação à nossa região.

Em agosto de 2019, gostei muito de ir à festa de Santa Susana, em Turquel. Este ano, não poderemos presenciar ali e noutras terras a bonita união do povo.
Todos os lugares têm os seus extraordinários. Eu, porventura por a minha avó materna ali ter raízes, aprendi de pequena a reconhecer extraordinários em Turquel.
Na minha família, a minha avó citava amiúde a mãe do Dr. Joaquim Guerra a quem tinha ouvido numa ocasião: “os bons não falam e aos maus não se lhes dá ouvidos”. Mais tarde, em 1998, entrevistei seu filho, Joaquim Guerra. Deslumbrei-me com a humildade das suas recordações de médico no início de carreira, a generosidade para com a sua terra, a sua lucidez… Recordo essa conversa com toda a nitidez e admiração. Deslumbrante era também a pintora Sofia Guerra: que paixão pela arte, que desprendimento, que orgulho nos seus! Lembro que me mostrou retratos das irmãs que tinham seguido a vida religiosa: “Olha como eram bonitas. Nosso Senhor escolhe o melhor”. E a irmã Amélia Guerra! O filho ofereceu-me uns livros de memórias da mãe, que me deliciei a ler pela simplicidade e beleza das descrições e relações.
A família Luís também têm vários extraordinários: o cultíssimo Cónego Manuel Luís; seu sobrinho, o brilhante músico Padre Manuel Luís; e outro sobrinho, o muito amigo Sr. Afonso Luís, exímio na escrita, com obra publicada, tão generoso colaborador d’O ALCOA. Herdando o talento, Filipe Luís é um distinto jornalista, escritor e comentador televisivo. E outros deveria referir…
Belas recordações também da nossa família de Turquel. Recordo como a minha mãe ilustrava a exigência dos antigos exames da 4.ª classe com a frase que calhou a um seu primo mais novo, que ele desembaraçadamente analisou: “Fernando, lê a história de Portugal que é tão grandiosa e tão cheia de beleza que, ao lê-la, nos sentimos grandes no mundo” (aos 10 anos, vejam só!). Recordo eu nitidamente a extrordinária bondade do primo António Arsénio. Ouvi, um dia, a alguém que não conhecia a minha mãe: “É prima do António Arsénio? Então é prima do homem mais sério do mundo”.
Mais e menos notáveis, mas extraordinários!

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