Numa encíclica dedicada ao meio ambiente, de 24 de maio de 2015, o Papa Francisco enviou uma mensagem poderosa a todos os católicos romanos, e à população mundial.

Firmemente enraizado em ciência, este documento de carácter didático vai ao encontro do que está a ser discutido na Cimeira do Clima em Glasgow: a necessidade de uma ação urgente, a nível global, para mitigar o efeito irreversível das alterações climáticas.

Este efeito provocado pela ação humana está a ser tão devastador que já houve geólogos a teorizar sobre uma clara rutura da era geológica anterior, o Holoceno, para uma nova era, designada por Antropoceno.

O Holoceno iniciou-se há cerca de 11.700 anos atrás, com o retrocesso da última Idade do Gelo. Após uma era de oscilações drásticas que levaram à extinção de várias espécies, a estabilização das temperaturas médias globais e a previsibilidade das estações levaram o surgimento da agricultura e, por conseguinte, à criação de vilas e cidades junto à margem de rio(s), como Alcobaça. Por outro lado, o Antropoceno corresponde à exposição dos sistemas naturais a perturbações caóticas.
Por exemplo, o degelo do Ártico poderá conduzir a um aumento desregulado das temperaturas globais, partindo do pressuposto que o oceano mais escuro absorve os raios solares, ao par que o gelo marinho branco os reflete.

Foram as características que definem o Holoceno um dos fundamentos basilares desta encíclica papal.

Esta mesma encíclica deixou ainda claro que o nosso futuro não precisa de ser sombrio. A bem da verdade, todos nós deveríamos reter esta mensagem para construir um futuro próspero. A começar pelos suinicultores da região, que despejam inconscientemente dejetos das suas pecuárias junto aos afluentes do(s) rio(s) que deram outrora nome à nossa cidade, e a este jornal.