“Fui crescendo cá dentro como homem e como bombeiro”

Foto por Sara Susano

Em entrevista a’ O ALCOA, João Bonifácio, o novo comandante do Corpo de Bombeiros Voluntários de São Martinho do Porto, falou da sua vida enquanto bombeiro e dos seus objetivos e preocupações relativos à corporação.

PERFIL

Nome: João Carlos Bonifácio
Data de nascimento:
16 de março de 1966
Naturalidade: Alfeizerão
Formação Académica: 12º ano
Início de funções como comandante: 1994
Início de funções como comandante dos Bombeiros Voluntários de São Martinho do Porto: 21 de março de 2014

 

Porque decidiu aceitar o cargo de comandante?
Decidi aceitar o cargo porque a direção atual fez-me o convite e havia algumas situações que estavam a correr menos bem. Esta direção tinha como objetivo ter um comandante a tempo inteiro e eu também só aceitaria o cargo se assim fosse. Hoje em dia é impossível ser-se comandante de um corpo de bombeiros se não estivermos cá de manhã à noite e as responsabilidades que daí advêm são situações que não nos permitem facilitar. Sou bombeiro há 22 anos aqui na corporação, desde 1994. Fui crescendo cá dentro como homem e como bombeiro, portanto é uma casa que conheço bem.

Esperava o convite?
Sinceramente, ser comandante não fazia parte dos meus objetivos. Estava sim nos meus horizontes pertencer ao comando. Temos sempre de ter um objetivo e mentiria se dissesse que não tinha ideia de um dia vir a fazer parte da equipa do quadro. Procurei lutar sempre e de fazer os exames o melhor possível para que, um dia se me convidassem, estivesse preparado o melhor possível para o cargo.
Que balanço faz da sua vida de bombeiro?
Um balanço positivo. Ser bombeiro tem-me ensinado a ter outra forma de estar na vida. Os bombeiros, todos eles, não só os de São Martinho, nem particularmente a minha pessoa, sentimo-nos bem quando sentimos que fizemos algo de bom pelas pessoas. É isso que nos motiva.

Como está a ser a experiência?
Agora sou comandante a tempo inteiro da casa. Estamos a preparar a época de incêndios. Está a ser uma experiência gratificante. Sou a mesma pessoa, pelo menos tento ser a mesma pessoa e vou fazer o possível para que assim continue. No entanto, a responsabilidade agora é acrescida.

Que objetivos tem para a corporação?
No curto/médio prazo, gostaria de renovar a central de bombeiros, porque considero que é o coração de um corpo de bombeiros e a nossa central ainda trabalha de forma um pouco antiquada. Queremos instalar um sistema de deteção das viaturas a nível de GPS para nos dar a localização para uma melhor gestão de meios. Todos os anos tem havido uma escola de bombeiros mas gostaria que ainda fosse em maior número. Também tenho como objetivo abrir mais as portas dos bombeiros à população para que tenham um maior conhecimento de como funcionam os bombeiros, para perceberem as nossas dificuldades e porque é que determinado serviço pode ser mais urgente que o outro. Quando digo população, refiro-me às duas freguesias que servimos que é São Martinho do Porto e Alfeizerão, embora trabalhemos a nível de concelho, do distrito e do país.

E quais as principais preocupações relativamente à corporação?
Uma das minhas preocupações é o reduzido número de efetivos. Gostaria muito de ter no meu corpo de bombeiros uma Equipa Permanente para sair ao minuto. Também seria importante ter a ambulância do INEM, devido ao pico de população que temos nos meses de verão. Fazemos muito serviço em Salir do Porto, que já pertence às Caldas da Rainha, também por isso acho que seria muito importante. Considero que estamos bem equipados e isso foi um trabalho excecional que o comando anterior fez na pessoa do comandante Joaquim Clérigo e de João Caçoila, que continua a fazer parte da minha equipa como 2º comandante.

A população tem-no apoiado neste novo cargo?
Sim, recebi muitas palavras de incentivo da população tanto de São Martinho do Porto como de Alfeizerão. Penso que as pessoas ficaram satisfeitas com a minha nomeação. E recebi também um grande incentivo dos meus colegas bombeiros. Foram eles um pouco os causadores de eu ter assumido o cargo de comandante.

Quantos voluntários tem a corporação neste momento?
A corporação neste momento tem cerca de 80 voluntários, mais 30 na Fanfarra. O número tem vindo a aumentar. É difícil cativar jovens e é difícil trazer para cá muito mais gente e muito mais jovens porque os bombeiros não têm muito para dar. Além do trabalho, temos para oferecer formação como homens e mulheres. As nossas formações hoje em dia já são muito interessantes.

Do período em que foi bombeiro, há alguma situação que o tenha marcado especialmente e que queira partilhar?
O que nos fica sempre cá dentro é quando salvamos uma vida, isso é o mais que tudo. Isso é o melhor louvor, a melhor recompensa do nosso trabalho. Fica uma sensação muito boa que eu não sei explicar. Só quem tem este espírito é que consegue ser um grande bombeiro e felizmente existe muita gente que tem este espírito. Aqueles que não o têm depois acabam por ir embora passado pouco tempo.

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