Fundamentalismos em confronto… e convergência

Os terríveis acontecimentos de 13 de Novembro, em Paris, mostraram o poder do «Estado Islâmico» (EI), marcado pelo fundamentalismo supostamente religioso; digo «supostamente», porque não resulta de uma base religiosa, mas sim da sua deturpação. Ainda não sabemos até onde chegará a sua força brutal, mas existem sérios motivos para recearmos o pior; e temos tanta mais razão para recear quanto esse extremismo tem um forte aliado nos fundamentalismos contestatários europeus, supostamente laicos; digo «supostamente» porque deturpam a laicidade, numa estranha religião que reivindica a perfeição infinita no espaço europeu… e no mundo.
Perante as agressões do EI, os fundamentalismos europeus reivindicam a liberdade, a segurança e o bem-estar plenos: liberdade, para dizerem, fazerem e contestarem tudo o que lhes aprouver, sem quaisquer limites, e se eximirem a todas as responsabilidades; segurança total, sem o risco de sofrerem agressões do EI, ou outras, nem restrições das autoridades nacionais; bem-estar pleno, em que nada falte, sejam quais forem as limitações económico-financeiras. Para alcançarem esta situação paradisíaca, os fundamentalismos europeus reivindicam uma democracia diferente, que se submeta inteiramente ao que eles querem; e reivindicam também que a União Europeia ultrapasse todas as suas limitações, neutralize o EI, e garanta a paz e o desenvolvimento nos territórios em guerra, ferindo de morte aquele «Estado» nas suas raizes. A ambição divinizante dos fundamentalismos europeus traduz-se, assim, na exigência de um espaço europeu que garanta a perfeição político-social infinita; no fundo, exige aquilo que o próprio Deus não pode fazer. Dir-se-á que, a par do fundamentalismo islâmico profundamente agressivo, o europeu é profundamente ridículo; jogam os dois no mesmo sentido… (Continua)

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