Luís da Cruz Ferreira, que cumpriu o serviço militar obrigatório na Guiné-Bissau, entre 1972 e 1974, deu à estampa em agosto último uma pré-publicação com o subtítulo ‘Nos trilhos da memória’, dedicada a todos os ex-combatentes que pertenceram à companhia 2.ª CART DO BART 6521 (Bolama-Có). É seu desejo que este seja o capítulo das suas recordações da Guerra Colonial de outro sobre a sua vida que promete editar em breve. Por ora, e em boa hora, celebra com esta pré-publicação os 50 anos do regresso de “OS CÓ BOYS” a Portugal com descrições detalhadas e por vezes humorísticas dos ataques, diferenças geográficas, económicas e culturais, que encontrou num contexto de guerra: lutas com inimigos e amigos dos dois lados da barricada, mas sempre com espírito crítico e discernindo entre o que era oficial e o que era ‘não dito’ por ser proibido. Por isso, iniciando-se a leitura, ela segue-se sem paragens. Queríamos ir percebendo como era aquela guerra, que roubava deste lado em Portugal os jovens, punha famílias de luto e empobrecia um país já de si pobre e isolado. Queríamos saber mais e isso não era transmitido pelas notícias oficiais, mas com esta leitura podemos alargar os conhecimentos da nossa história internacional, nacional e local dos tempos da guerra colonial, vivida por um dos nossos, que não se esqueceu de nomear os seus conterrâneos.