Impor uma ditadura sem crueldade?

O Papa Francisco classificou a ideologia de género como uma das tentativas mais graves de impor uma ditadura. Surgiu como um apelo à benevolência, como um coro de perseguidos a pedir compreensão, e transformou-se num programa cada vez mais determinado de eliminar opositores e, quanto mais poder alcançam, mais os seus promotores se apercebem de que é impossível completar a tarefa sem uma dose forte de crueldade. Esta ideologia só convence uns poucos e, para alargar o seu poder, precisa de assustar e de ser cruel.
Hoje em dia, nalguns países, a tentativa de impor esta ditadura está relativamente avançada. A ideologia de género contou com amplas doações de vários dos magnates mais ricos da América do Norte e da Europa: Rockefeller, Ford, Soros, Gates, Turner, Oprah, Bloomberg… Esta concentração de recursos foi decisiva para lhe dar um estatuto respeitável e pagar a notoriedade nos meios de comunicação social. Porque um louco com muito dinheiro não faz figura de louco, é retratado como um intelectual, ou como um especialista.
No entanto, para se expandir em maior escala, não bastava ter eco na comunicação social, era preciso dominar a educação das crianças. Primeiro, localizadamente, a título experimental; depois, progressivamente, com programas mais concretos e mais agressivos. Os protestos eram inevitáveis. Por isso, a estratégia inicial era evitar o confronto, ceder pontualmente se alguém reagisse, dar pequenos passos, aproveitando a condescendência de quem não se opunha. Mas é possível impor uma ditadura sem crueldade?
Na ótica do atual Ministério da Educação, chegou a fase da intransigência contra quem rejeitar a ideologia de género. Para já, o Governo decidiu aplicar um castigo exemplar a uma família de Famalicão que sempre recusou que os filhos assistissem a estas aulas. Os mais velhos já saíram da escola, mas para os mais novos acabou-se o precedente: ou os pais aceitam que os filhos assistam àquelas aulas, mesmo que isso só aconteça simbolicamente, ou dois dos filhos são reprovados e recuam dois anos na escola. Dois anos!
Pelos vistos, as duas crianças são alunos esplêndidos em comportamento e em todas as disciplinas. Melhor ainda, porque a punição serve de aviso ao povo, para mostrar até onde o Governo está disposto a ser cruel.
Segundo as disposições atuais, os estudantes podem passar de ano mesmo que reprovem a várias disciplinas importantes. Melhor, porque fica claro que a ideologia de género tem prioridade sobre a matemática, o português, o inglês, a história.
A Constituição da República Portuguesa estabelece que pertence “aos pais o direito e o dever de educação dos filhos”: bah!
A Constituição declara solenemente que “o Estado não pode programar a educação e a cultura segundo quaisquer diretrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas…”. Sim, até que o despacho de um Secretário de Estado diga o contrário.
Em qualquer caso, não é justo que umas crianças sofram um castigo por causa dos pais. Esse é o ponto. É preciso que o povo perceba que não há limite para a crueldade. Os pais que se opuserem publicamente à ideologia de género terão os filhos castigados de forma cada vez mais cruel.
“É inquietante que algumas ideologias deste tipo [ideologias de género] (…), procurem impor-se como um pensamento único que determina a própria a educação das crianças” (Francisco, “Amoris Lætitia”, 56). O Papa não se referia especificamente ao Governo português quando falava da ideologia de género, mas a crítica aplica-se inteira a este Ministério da Educação fanático.

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