Tive a graça de me cruzar há uns dias com o surpreendente anúncio financiado pelo fundador da “Prozis” que enfatiza o flagelo do aborto. Este é um tema que dá muito que falar e as opiniões a seu respeito divergem. O que não altera, nem há-de alterar, é o não que a Igreja teima em defender. Um não ao aborto é sempre um sim à vida. Um sim a Deus.
No debate acerca desta temática, costumam dizer-me: “Senhor Padre, pense na mãe que engravidou, fruto de uma aventura ou do calor do momento, e que não tem capacidade para assumir a missão, por falta de maturidade, de condições ou outras. Pense na mãe que foi vítima de violação. No peso que ela já carrega pelo crime de que sofreu e que marcará a sua história para sempre. Pense na mãe que acabou de ter a notícia de que o filho que nela cresce é portador de deficiência”. Ao escutar com atenção estas interpelações, começo por respirar fundo. E da minha boca brota uma questão: alguma vez na tua vida matarias um bebé? Uma criança indefesa e inocente? Porque aborto é homicídio. No anúncio, vêem-se mãos ensanguentadas e restos mortais de feto assassinado lançados ao lixo. Uma clara e elucidativa imagem da nossa sociedade. Da cultura do descarte, que atira para a lixeira quanto parece não ser cómodo. Mãos de sangue de todos nós, que abrimos portas a que o aborto fosse despenalizado no nosso país. Absoluto retrocesso. Recusando a vida, defendemos a morte. E perdem-se vidas inocentes.
Creio que deveríamos ouvir mais testemunhos corajosos de mães que um dia abortaram e que passadas décadas ainda não se conseguem perdoar a si mesmas. Mães que choram amargamente os atos passados e se questionam “porque é que o fiz?”. Deveríamos escutar mais vozes de mães corajosas que aceitaram os seus bebés. Não desistiram deles e têm as mais belas histórias para contar. Que paremos para refletir. Estamos cansados de morte. Queremos a vida.