É o rosto da Santa Casa da Misericórdia de Alcobaça, uma casa que ajudou a erguer e pela qual tem grande afeto. Tendo completado a 12 de maio 70 anos, Maria da Luz Caneiro, diretora técnica da instituição, faz um balanço deste trabalho. Fala dos desafios, dos projetos e da missão desta e nesta casa que «abraça» há 25 anos.
Qual o seu percurso profissional até chegar à Santa Casa da Misericórdia de Alcobaça?
Há 47 anos iniciei o meu percurso profissional como Assistente Social, tendo concluído a minha formação em 1978. A minha primeira experiência foi no Centro de Assistência Paroquial de Pataias, onde integrei a equipa da nova creche. Em 1980, com o nascimento do meu primeiro filho, abracei um novo desafio: a abertura da creche do Centro de Bem-Estar Social da Maiorga, onde permaneci durante 18 anos. Foi nesta instituição que verdadeiramente aprendi o que significa o trabalho institucional, e onde aprofundei o meu compromisso com a comunidade. Na Maiorga, para além do trabalho com a infância, tive a minha primeira experiência com a população idosa, algo que me marcou profundamente e que me despertou um gosto especial por esta área. Foi também ali que demos início ao Serviço de Apoio Domiciliário — uma resposta social inovadora na época, uma vez que, em todo o distrito de Leiria, apenas existia um serviço semelhante em funcionamento, no concelho de Alvaiázere.
Como chega à Misericórdia de Alcobaça?
Sendo uma necessidade do concelho de Alcobaça a Santa Casa apostou na construção de um lar e em fins de 1999, fui convidada a abraçar a direção técnica, essa nova resposta social. Até então, a minha experiência tinha sido no apoio domiciliário, por isso encarei o convite com alguma preocupação, mas também com muita curiosidade. Acabei por aceitar o desafio, mesmo sabendo que o edifício ainda se encontrava em fase de conclusão. Coube-me colaborar na definição de necessidades e na aquisição de todo o equipamento essencial ao arranque de uma instituição com esta dimensão. Tudo o que foi sendo integrado nesta casa, desde o início, foi fruto do trabalho dedicado de uma equipa que começou do zero. Foi, sem dúvida, um enorme desafio — e, talvez por isso, encare esta casa como uma extensão da minha própria. Desde o início, tive a preocupação de promover um ambiente humano e acolhedor, apostando fortemente na formação dos recursos humanos. Sempre defendi que esta instituição deveria funcionar como um prolongamento do lar de cada um, um espaço onde se vive com familiaridade e dignidade. Sempre desejei que cada cliente fosse tratado como eu gostaria que os meus pais o fossem: com carinho, respeito e atenção à sua individualidade. Preocupo-me com os pequenos grandes detalhes — que estejam bem cuidados, com o lenço ou colar ao pescoço, com os dentes, os óculos ou o aparelho auditivo colocados. Porque são esses gestos, aparentemente simples, que fazem toda a diferença e reforçam o valor e o cuidado que dedicamos a cada pessoa.
(saiba mais na edição de 20 de junho)