Medjugorje

José Maria André
Professor do I. S. Técnico

A Santa Sé publicou a 19 de Setembro uma nota acerca da devoção a Nossa Senhora em Medjugorje, uma pequena povoação da Bósnia Herzegovina, na antiga Jugoslávia.
A história remonta a 24 de Junho de 1981, quando duas raparigas, Ivanka Ivanković e Mirjana Dragičević, passavam num caminho junto da colina Crnica e, imprevistamente, uma delas, Ivanka, viu Nossa Senhora. Poucas horas depois, seis jovens, Vicka Ivanković, Ivan Dragičević, Ivan Ivanković e Milka Pavlović, Marija Pavlović e Jakov Čolo, viram no mesmo lugar Nossa Senhora com o Menino.
O bispo da diocese, D. Pavao Žanić, falou no mês seguinte com os videntes e ficou convencido de que diziam a verdade.
As aparições continuaram e, um ano depois, o mesmo bispo enviou ao Vaticano uma nota confidencial a manifestar a opinião de que não se trata de aparições genuínas de Nossa Senhora. Mais outro ano e, em face da incerteza, a Conferência Episcopal Jugoslava decide proibir as peregrinações oficiais. Entretanto, Nossa Senhora continuava a aparecer em Medjugorje a vários rapazes e raparigas. Ao fim de alguns anos, a comissão diocesana encarregada de estudar o assunto pronuncia-se negativamente pela autenticidade das aparições, mas o Pró-Núncio em Belgrado discorda da comissão diocesana. O Vaticano pede à Conferência Episcopal Jugoslava que se pronuncie, mas os bispos jugoslavos respondem que não sabem se as aparições são verdadeiras, notam apenas que as multidões que chegam a Medjugorje precisam de ser atendidas. Porque começa a ser manifesto que muitos peregrinos voltavam transformados de Medjugorje. Mesmo os que tinham ido por mera curiosidade, nem eram católicos ou viviam afastados da Igreja, sem se perceber como, resolviam confessar-se e mudar de vida. Bastantes, sentiam o apelo de Deus a uma vocação específica e decidiam entrar no seminário ou seguir o caminho que a graça de Deus inspirava a cada um. Por outro lado, as aparições não se interrompiam ao longo dos anos e, embora se saiba que Deus todo-poderoso pode realizar todos os milagres imagináveis, as autoridades eclesiásticas perguntavam-se se uma sequência tão estranha seria autêntica. Alguns pensavam que as primeiras aparições eram verdadeiras, mas as seguintes eram inventadas; outros inclinavam-se a acreditar em tudo; outros punham tudo em causa. Os acontecimentos eram, sem dúvida, invulgares, mas as conversões cada vez mais abundantes. Se aquilo era uma mistificação do demónio, como explicar que as pessoas se aproximassem de Deus e se arrependessem dos pecados?
Em 1995, João Paulo II quis ir a Medjugorje, mas o bispo da diocese opôs-se e o Papa desistiu da viagem. O bispo da diocese continuava a rejeitar as peregrinações e a declarar que as aparições eram falsas, mas, em 1998, o Vaticano contrapôs que não se sabia se eram falsas e, portanto, não se proibiam as peregrinações nem se lhes atribuía carácter oficial. Os bispos jugoslavos não chegavam a acordo e, em 2008, Bento XVI nomeou uma comissão, presidida pelo Cardeal Camillo Ruini, para estudar o assunto. Trabalharam durante seis anos e chegaram à conclusão de que as aparições mereciam crédito, pelo menos no princípio. No entanto, a Congregação para a Doutrina da Fé considerou mais prudente não publicar esse estudo sem consultar mais especialistas. E o parecer destes novos especialistas foi negativo.
Surpreendentemente, as aparições, verdadeiras ou falsas, continuavam…
Em 2015, o Papa Francisco decidiu encarregar-se directamente da questão e mudar a abordagem. Preocupava-o em primeiro lugar ajudar quem vai a Medjugorje a converter-se realmente, a fazer uma boa Confissão, a dar um impulso novo à vida. Se os frutos das peregrinações são tão positivos, é sinal de que Deus actua.
Podemos não saber se os videntes são rigorosos nos seus relatos, ou se levam uma vida santa, o importante é que a graça de Deus actua. Foi isto, em suma, que o Vaticano declarou na nota «A Rainha da Paz», publicada ontem. Um dos últimos parágrafos dessa nota cita uma frase que Nossa Senhora teria dito aos videntes em 2018: «Caros filhos, (…) eu vos chamo para o meu Filho. (…) Quanto mais O conhecerdes, quanto mais vos aproximardes dEle, tanto mais O amareis, porque o meu Filho é o Amor.
O amor transforma cada coisa, torna belíssimo mesmo aquilo que sem amor vos parece insignificante».

José Maria André
Professor do I. S. Técnico

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