Memórias da doçaria alcobacense

Foto por Sara Susano

MARIA JOANA MENEZES

“Em Alcobaça, não havia pastelarias como há agora; os doces eram feitos nas nossas casas”, afirma Maria Joana Ferro Menezes. Na sua memória, salientam-se as merendeiras de Natal, “que se faziam sempre”, e os doces de ovos, confecionados “em casas particulares por encomenda”. A alcobacense de 92 anos destaca ainda os pastéis de nata e as queijadas de amêndoa. “Só algumas pessoas é que os faziam”, sublinha Joaninha Ferro, adiantando que também sabia confecionar estas iguarias. No passado, todos os anos, Maria Joana Menezes fazia as merendeiras de Natal. “Também se faziam bolos grandes como o pão-de-ló e havia um bolo muito saboroso que era o bolo de laranja, semelhante ao pão-de-ló, mas era temperado com sumo de laranja”, recorda. “Mas fazia mais doces secos e biscoitos; coisas mais simples”, adianta, defendendo que “os bolos antes eram menos indigestos, menos pesados, mas eram bons, de outro género”.
MARIA CAROLINA SANCHES

“Os doces de hoje continuam muito bons e dou muito valor às pessoas que têm aproveitado os conhecimentos das pessoas mais antigas e os têm posto em prática nestas novas correntes de doçaria, mas sempre com a preocupação de serem muito fiéis ao doce conventual”, afirma Maria Carolina (Nicha) Sanches. Nascida numa família com muito gosto pela doçaria, Carolina Sanches recorda a sua tia Alda Sanches, que fazia fios de ovos, lampreias, trouxas-de-ovos e queijadas, de queijo e de amêndoa. “Aprendi a fazer os vários doces, mas o que mais gosto de fazer são as queijadas de amêndoa, que são feitas também só com gemas e são muito boas”, explica. Para a alcobacense, “havia em Alcobaça várias senhoras que eram conhecidas devido à sua habilidade com determinados doces”. E enumera: “a menina Conceição, que fazia as melhores cornucópias que se comiam aqui; a Maria do Ó (Lafacica), que tinha a sala de jantar dela num rés-do-chão quando se vai para o mercado, onde nós entrávamos e os aparadores estavam cheios de bolos que ela fazia; a D. Juju Borda que, para mim, fazia a melhor lampreia que alguma vez se fez em Alcobaça; a D. Judite Iglesias, que confecionava as trouxas-de-ovos e as grades de Alcobaça que tinha aprendido com a mãe – a quem chamavam Ana dos Bolos”. Carolina Sanches recorda ainda “muito mais anterior a estas”, uma “outra senhora que vivia nas dependências do mosteiro, onde é agora a Ala Sul, a D. Carolina Guido, que era uma doceira espetacular”. Como sublinha, “cada uma tinha as suas especialidades”. Nicha Sanches destaca também Fernando Duarte, “que foi a pessoa que desenvolveu a pastelaria em Alcobaça”.

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