Mosteiro. Socialistas queixam-se da diretora e Ana Pagará fala de difamação propositada

A Comissão Política de Alcobaça do Partido Socialista, liderada por Rui Alexandre, levou à Secretaria de Estado da Cultura, a 11 de março, preocupações quanto gestão do Mosteiro de Alcobaça e a relação com a comunidade, acusando a sua diretora, Ana Pagará, de ter “uma prática inconforme aos normativos nacionais e internacionais que apelam, explicitamente, para a relação profícua com a comunidade local”. Segundo a missiva divulgada, a concelhia local censura a “falta de capacidade de diálogo”, bem como a “inaptidão para o estabelecimento de consensos”, entendendo que “o Mosteiro está de costas voltadas para a comunidade de proximidade”. A programação cultural e pedagógica do monumento é criticada “por não apresentar um carácter transversal, intergeracional, inclusivo, integrador e continuado”, resumindo-se “quase exclusivamente, a encontros de carácter científico para público especialista, que granjeiam pouca assistência”.
Neste documento entregue à secretária da Cultura, Ângela Ferreira, são ainda apresentadas preocupações às anunciadas alterações das entradas no monumento, requerendo que não se deve proceder ao encerramento da porta da Igreja, devendo a mesma manter a porta principal aberta e ser acessível a qualquer pessoa ou grupo de pessoas que a queiram visitar por motivos religiosos ou culturais. “Trata-se da igreja matriz da Paróquia de Alcobaça”, enfatizam os socialistas. O PS/Alcobaça acusa ainda a diretora de falta de diálogo e de cooperação institucional alegando que a Direção do Mosteiro de Alcobaça não dá resposta às solicitações da paróquia, do que resulta um “grave conflito institucional com a Igreja”. A este propósito, referem como exemplo a exigência da retirada da porta de vidro colocada pela paróquia na Capela do Santíssimo Sacramento do Mosteiro de Alcobaça, “sendo que a existência da mesma favorecia claramente a vertente cultural e turística, e, por conseguinte, os interesses da DGPC/Mosteiro de Alcobaça”. Recorde-se que, a este propósito, 1.820 subscritores de um abaixo-assinado e petição pública manifestaram-se contra esta posição da Direção-Geral do Património Cultural e da Direção do Mosteiro de Alcobaça, até agora sem qualquer êxito.
Em resposta, a diretora do Mosteiro de Alcobaça, Ana Pagará, censura o “carácter propositadamente difamatório” da missiva entregue pelo PS local, afirmando-se “perplexa” com o seu conteúdo já “que revela um total desconhecimento da realidade no que respeita à atual gestão do monumento”. A diretora destaca que o mosteiro está inscrito na Lista do Património Mundial e que “por conseguinte, a sua gestão segue rigorosamente os regulamentos em vigor da tutela” e “as orientações técnicas da UNESCO”. Ana Pagará garante que a relação com a comunidade constitui um dos objetivos estratégicos do plano de gestão implementado e que a sua boa prossecução “está comprovada conforme atestam as várias parcerias com entidades públicas e privadas locais e regionais que têm sido feitas, as quais foram possíveis graças ao profícuo diálogo que tem existido, bem como a ação intensa e sem precedentes ao nível do serviço educativo”. A diretora refere ainda que a sua gestão é avaliada periodicamente pelo Comité do Património Mundial, avaliação essa que inclui, entre muitos aspetos, a atividade cultural desenvolvida e a ligação à comunidade.
Sobre a programação cultural e pedagógica, a responsável declara que “a programação cultural é variada e abrangente, direcionada para todos os públicos” e que, ao nível do serviço educativo, “pela primeira vez na sua história, o mosteiro tem um serviço de visitas orientadas de segunda a sexta-feira, para o público em geral, registando uma taxa superior a 95% de respostas positivas a solicitações de escolas, universidades e IPSS’s, nacionais e estrangeiras”. Na relação com a paróquia, Ana Pagará assegura que “todas as solicitações do Senhor Pároco de Alcobaça, as quais normalmente são relativas a necessidades de conservação e manutenção pelo que a sua concretização pode demorar mais tempo, uma vez que implicam disponibilidade financeira por parte da DGPC e procedimentos de aquisição de serviços, são respondidas e atendidas”. Realçando que a segurança e a conservação do monumento, incluindo a igreja, são da competência exclusiva da Direção-Geral do Património Cultural/Mosteiro de Alcobaça, a responsável afirma que a “disponibilidade para colaborar com a Paróquia no exercício das suas obrigações sempre foi – e continuará a ser – total”. Sobre o novo circuito de visita, a implementar até ao final de 2019, Ana Pagará defende que “nunca esteve em causa o acesso dos fiéis à igreja do Mosteiro de Alcobaça através do seu portal principal”.
Resta saber se este acesso abrange todos os fiéis, mesmo não locais, e se estende para além do horário das celebrações.

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