O futuro precisa de todos nós

Fernando Barroso
Professor / Autor

O futuro precisa de todos nós: juventude, maturidade e experiência serão o suporte do saber em ação. Vivemos tempos em que o futuro é tema constante: fala-se dele nas escolas, nas campanhas políticas, nas cimeiras internacionais, nas redes sociais. Quase sempre, ouvimos que “o futuro pertence aos jovens”. Mas esta frase, repetida com convicção, carrega consigo uma armadilha perigosa: a ideia de que os mais novos é que hão de resolver os problemas que as gerações anteriores deixaram por tratar. É inegável que a juventude tem um papel fundamental, desde que sejam formados para competências, na construção do amanhã. A sua energia, criatividade e espírito de crítico são motores indispensáveis à inovação e à transformação social. Mas não basta apontar para os jovens como solução. É preciso que cada geração reconheça e assuma a sua parte no processo. O futuro precisa da energia dos jovens, da ação dos adultos e da experiência dos mais velhos. Cada fase da vida traz consigo capacidades e responsabilidades únicas. Os adultos, com a sua posição ativa no mercado de trabalho e nas decisões políticas, têm nas mãos o poder de alterar o curso das coisas no presente. Os mais velhos, longe de serem figuras de bastidores, são detentores de experiências que permitem evitar erros repetidos e pensar com profundidade os caminhos a seguir. Num mundo marcado por desafios globais — das alterações climáticas à desigualdade social, da crise da habitação à transformação digital — não podemos continuar a delegar o amanhã. Precisamos de o construir juntos, com o contributo de todos, em todas as frentes: no ambiente, na política, na educação, na economia, na cidadania. Delegar o futuro apenas à juventude é uma forma de adiar responsabilidades. E é também um fardo injusto para quem ainda está a formar-se, a experimentar, a crescer. Os jovens precisam de ser ouvidos, sim — mas também de ser acompanhados, apoiados, integrados nas decisões, lado a lado com quem já percorreu outros caminhos. O que se exige é um verdadeiro pacto intergeracional, onde a cooperação suplante a separação entre idades. Onde não se espere que uma geração “resolva” o que outras complicaram, mas que todas, juntas, assumam a missão de melhorar o que ainda pode ser salvo, criado ou reinventado. O futuro não se constrói com espectadores. Constrói-se com participantes. Se queremos uma sociedade mais justa, sustentável e consciente, precisamos de agir no presente com a consciência de que o tempo não está à espera de ninguém. Hoje, mais do que nunca, é urgente assumir: o futuro somos todos nós. E ele começa com cada decisão que tomamos agora. Envolver gerações numa campanha de consciencialização colaborativa para que os cidadãos — jovens, adultos e seniores — construam, em conjunto, um futuro mais sustentável e inclusivo, as campanhas de consciencialização devem ir além da mera transmissão de mensagens. Eis um roteiro de boas práticas para criar iniciativas que estimulem a participação ativa de todas as faixas etárias: definir objetivos intergeracionais muito claros com metas comuns; criar canais de comunicação múltiplos e acessíveis; desenvolver metodologias participativas; promover o reconhecimento; realizar parcerias locais e institucionais com escolas, universidades e centros de dia; obter feedback contínuo através de relatórios visuais; criar eventos de encerramento temáticos para juntar todas as gerações. Ao conjugar a comunicação segmentada e ações conjuntas, as atividades deixam de ser anúncios unilaterais e transformam-se em verdadeiros movimentos sociais, onde cada geração assume a responsabilidade e reconhece o valor das outras. Só assim garantimos que o futuro é, de facto, obra de todos.

Fernando Barroso
Professor / Autor

Uma resposta

  1. Muitos parabéns Fernando, pelo texto tão verdadeiro, que evidencia os nossos jovens com a sua preocupação e de fazermos todos , de várias gerações, um futuro melhor! Um beijinho e felicidades 😘

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