O Inferno, o Céu e a oração do rico

O mês de novembro é dedicado aos mistérios do encontro ou desencontro com Deus. Pode ser um encontro feliz, inesgotável e exultante, ou pode ser um desencontro tenebroso, para sempre.
É imprudente supor que Nosso Senhor se enganou ao afirmar que “larga é a porta e espaçoso o caminho que leva à perdição e são muitos os que seguem por ele. Que estreita é a porta e apertado o caminho que leva à Vida e como são poucos os que o encontram!” (Mt 7, 13-14).
Em vez de injectar uma droga ideológica nas veias para ter alucinações eufóricas, é melhor reconhecer que a vida se decide em escolhas muito sérias. Em vez de desvarios a prometer, sem qualquer fundamento, que no final todos se encontrarão com Deus, é preferível enfrentar os factos.
Felizmente, a realidade é muito melhor que a ficção. Não só porque no final de uma quimera vem a ressaca da verdade como porque – já hoje –, o caminho estreito é muito melhor. Parece estreito, mas é amplo e variado; o outro parece largo mas oferece uma monotonia deprimente. O caminho estreito chama-se santidade, tema habitual das pregações do Papa Francisco nos meses de novembro.
No passado dia 1, dizia ele à multidão, na praça de S. Pedro: “A santidade é uma meta que não se alcança apenas com as próprias forças, mas é fruto da graça de Deus e da nossa resposta livre”. Noutro mês de novembro, dizia: “Antes de tudo, devemos ter bem presente que a santidade não é algo que nos propomos sozinhos, que possamos obter com as nossas qualidades e capacidades”.
De facto, um erro comum é imaginar uma ascese difícil, uma espécie de conquista sobre-humana, um alpinismo cheio de técnica e de vertigens. Pelo contrário! Esse é o caminho largo, dos orgulhosos, que escalam paredes verticais sem qualquer apoio, até descobrirem que afinal estão a rastejar no chão sem sair do mesmo sítio. A santidade é a forma sublime da amizade com Deus e com os outros, feita de alegria, de deixar-se ajudar e de ser generosos. É, ao mesmo tempo, muito simples e maravilhosa.
“Alguns pensam que a santidade é fechar os olhos e fazer cara de santinho! – disse o Papa a rir, em novembro de 2014 – Não, a santidade não é isto! A santidade é algo maior, mais profundo, que Deus nos dá. Aliás, somos chamados a tornar-nos santos precisamente vivendo com amor e oferecendo o testemunho cristão nas ocupações diárias. (…) És casado? Sê santo amando e cuidando do teu marido, da tua mulher, como Cristo fez com a Igreja. És baptizado solteiro? Sê santo cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho e oferecendo o teu tempo (…) Quando o Senhor nos convida a ser santos, não nos chama para algo pesado, triste… Ao contrário! É o convite a partilhar a sua alegria, a viver e a oferecer com júbilo cada momento da nossa vida, fazendo dele um dom de amor pelas pessoas que estão ao nosso lado”.
A conclusão é que não importa a situação de cada um. Todos são chamados à amizade com Deus e com os outros. Dizia o Papa em novembro de 2014: “Eis o convite à santidade! Aceitemo-lo com alegria e sustentemo-nos uns aos outros porque o caminho para a santidade não o percorremos sozinhos, cada qual por sua conta, mas juntos, no único corpo que é a Igreja, amada e santificada pelo Senhor Jesus Cristo”.

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