Pouco tempo depois de ter sido constituído o atual governo, começou a constar, como é normal nestes casos, que o ministro X é mais competente e que o ministro Y é menos competente. O ministro X, o mais competente, seria o ministro das Finanças e o ministro Y, o menos competente, seria o ministro da Economia.
Como o governo se veio a revelar aquilo que já todos percebemos, é natural que uma pessoa se sinta feliz e confortável por, ao menos, não conhecer pessoalmente nenhum dos ministros – é o meu caso. Ainda há cerca de uma semana, um economista ligado ao PSD me dizia: “Este governo é uma calamidade.” Quando aludi à falta de alternativas, dado o fraco perfil do líder do PS, respondeu-me, para minha surpresa: “Não me fales em falta de alternativas, pois qualquer uma é melhor do que deixar estes tipos continuarem a destruir o país.”
Vem isto a propósito do ministro Y. A certa altura comecei a notar que ele, o ministro da Economia, era alvo de sucessivas desconsiderações, a nível dos seus pares, e particularmente do ministro X, o das Finanças, e do próprio primeiro-ministro. Foi assim na concertação social, foi assim no afastamento de um seu secretário de estado para satisfazer lóbis poderosos. Onde este patinho feio punha a mão, as coisas não avançavam porque lhe faziam obstrução feroz. Por mero acaso, num restaurante chinês de Lisboa, vim a conhecer este ministro. Mantivemos uma longa conversa, focando variados temas, e fiquei com a sensação de se tratar de uma pessoa séria, capaz, com ideias.
É curioso que só agora os neoliberais mentores da austeridade pela austeridade que nos governam estejam a acordar para os problemas da economia e do crescimento.
Porquê? Porque o ministro Álvaro Santos Pereira, apresentou um detalhado plano nesse sentido. Ele, que sempre tem sido apontado como remodelável, que tem sido muitas vezes ignorado e atirado para fora de decisões que lhe competiam, ele, o patinho feio do governo, afinal de contas não “mete água” como os seus pares, Gaspar, Passos e companhia…