Nos passados dias 11 e 12 de julho foi comemorado o primeiro aniversário da Granja de Cister. O ALCOA esteve à conversa com Manuel Castelhano, presidente da Cooperativa Agrícola de Alcobaça, que fez um balanço deste primeiro ano de atividade.
PERFIL
Nome: Manuel Pimentel Castelhano
Data de nascimento: 9 de dezembro de 1943
Naturalidade: Seixo, Mira
Grau Académico: Mestrado em Sociologia
Profissão: Presidente da Cooperativa Agrícola de Alcobaça desde 2008 e gestor
Um livro: “Sabe o que vem aí? – As Principais Tendências que Redesenharão o Mundo”, de James Canton
Um filme: Guerra das Estrelas
Uma personalidade: Papa Francisco
Que balanço faz deste primeiro ano de atividade da Granja de Cister?
Neste primeiro ano, embora o balanço seja muito positivo, sentimos que há muito caminho a fazer quer no aumento do recheio da loja, quer na estratégia a nível de produtos porque esta questão de dar visibilidade ao produto de Alcobaça é a nossa missão. A Granja de Cister é um projeto aberto e em construção permanente. É um projeto aberto a novos produtos, a novos produtores, à recuperação de produtos tradicionais, aberto a novas formas de confeção, a novas ideias de produção.
O objetivo de que os turistas pudessem num só espaço saborear e adquirir produtos de Alcobaça está a ser conseguido?
Sim. Temos tido referências extremamente elogiosas em termos de apresentação da loja e do produto, em termos de conteúdo e de qualidade do produto. Estamos a fazer um esforço no sentido de projetar a loja, criando mais atratividade, isto é, fazer com que nos visitem mais. Além de termos sempre a loja impecável, temos desenvolvido um conjunto de atividades complementares na área cultural, na área da cozinha, workshops temáticos concretamente sobre a agricultura, exposições de pintura, sessões de literatura e poesia; enfim, tudo aquilo que possa ser chamativo e que possa ajudar a divulgar a Granja de Cister. Tem funcionado porque as pessoas aderem. Além disso, somos convidados por universidades para fazer palestras sobre a nossa experiência e o nosso projeto e participamos em eventos nacionais e internacionais.
Quais os produtos do concelho mais vendidos na Granja de Cister?
Temos vendido de tudo um pouco, mas há três tipos de produtos que saem mais e que têm sido uma boa surpresa: o azeite, a fruta, nomeadamente a maçã, e os queijos.
Quais as atividades complementares que marcaram mais este ano que passou?
As atividades que nos marcaram foram realmente aquelas que disseram respeito à alimentação, nomeadamente os showcookings, em que se mostrou a criatividade que se pode ter na cozinha. Estamos a desenvolver um programa um dia inteiro por mês, com atividades complementares com showcookings e com provas, que é outra boa forma de dar visibilidade ao produto.
Quantas pessoas se estima que tenham visitado a Granja de Cister neste ano?
Não faço ideia, mas de certo que foram muitos milhares de pessoas que visitaram a Granja de Cister neste primeiro ano. A nível de faturação também tem sido uma agradável surpresa. Este projeto não é orientado para o lucro. É evidente que isto é uma área de negócio para a Cooperativa Agrícola de Alcobaça e eu não queria que esta área de negócio vivesse à conta da cooperativa, mas que fosse um projeto autossustentável. Felizmente este projeto já se autossustenta financeiramente e isso é excelente.
Que novidades estão previstas para o futuro da Granja de Cister? O que há a manter ou a melhorar?
Às vezes perguntam-nos porque é que não deslocalizamos a loja para Lisboa ou para o Porto. Eu diria: vamos consolidar. Vamos a partir daqui fazer essa promoção. Se alguma vez se colocar esse desafio, temos que o pensar muito bem porque não podemos dar passos em falso numa área tão concorrencial como esta. A Granja de Cister sofre melhorias quase que diariamente porque os próprios clientes nos vão dando sugestões e nós vamo-nos adaptando a elas.
Quais os principais desafios da Cooperativa Agrícola de Alcobaça?
Temos muitos desafios e a agricultura é um desafio constante, estando numa fase de grande investimento e de grande expetativa em termos de rentabilidade. A Cooperativa Agrícola de Alcobaça tem o objetivo de vir a criar aqui o primeiro centro de inspeção de pulverizadores. Os pulverizadores hoje são muito importantes na produção de fruta e nós e o COTHN [Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Português] estamos a pensar criar um centro fixo de inspeção de pulverizadores. A cooperativa tem ainda um acordo em que é a representante nacional de uma empresa holandesa que faz máquinas especializadas para a agricultura. A nível da fruta, estas máquinas são muito importantes porque não há batimento de fruta e esta vai para o mercado impecável.
Como vê o desenvolvimento agrícola na região e em geral do concelho de Alcobaça?
Continua a haver grande expectativa na agricultura. É uma atividade rentável, se feita com alguma dimensão. Há uma tendência enorme para o investimento; há uma tendência enorme para a procura de terrenos produtivos para a agricultura; há uma tendência enorme para o aumento do parque de produção frutícola. Quanto a Alcobaça, foi realizado pela primeira vez um Plano Estratégio que, apesar das deficiências, fará com que o desenvolvimento do concelho de Alcobaça seja mais fácil.