Cada pessoa é um tesouro. Enriquece sempre o mundo com os seus dons e talentos. E porque somos diferentes completamo-nos. Contudo, é tarefa difícil acolher a diferença. Hoje importa refletir acerca da forma como temos acolhido os migrantes. O preconceito abre portas à tentação de nos afastarmos. Quem recebe pode focar-se negativamente nas diferenças. Quem é acolhido teme a segregação e a construção de muros intransponíveis. O que fazer?
A União das Freguesias de Alcobaça e Vestiaria ousou convocar representantes da ação social do seu território para “Encontros da Paz Positiva”, no passado dia 18 de novembro. Este tempo, ao final da tarde, foi guiado por Helena Marujo, professora no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, onde é coordenadora da Cátedra UNESCO em Educação para a Paz Global Sustentável. Contou com a presença de professores das várias escolas, de agentes de segurança, de alguns representantes de comunidades religiosas, de cooperadores no âmbito sociocaritativo, entre outros organismos e instituições. Achei muito curioso um estudo que foi apresentado neste encontro: ao que parece, desde o ano de 2008, a criminalidade no nosso país tem vindo a diminuir paulatinamente. Por outro lado, de 2017 até hoje, o volume de imigração tem aumentado. O que vem demonstrar que não existe correlação direta entre crime e imigrantes. A proposta deste encontro foi pôr todas as pessoas a dialogar e a debater sobre como poderemos construir uma verdadeira comunidade. Sentados em mesas redondas, sentimos potenciar-se a proximidade entre todos. Partilharam-se nos grupos em que estive as histórias mais diversas de acolhimento dos outros que vale a pena guardar no coração. Como a de um menino que nas aulas se prontifica a ficar sentado ao lado de uma colega estrangeira para a ajudar. Ou de uma situação em que, com todo o empenho se procurou resgatar uma pessoa da situação desumana em que estava inserida. Ou da criação de um espaço para que os membros de uma mesma religião pudessem rezar juntos.
De facto, falta-nos sentarmo-nos, mais vezes, em mesas redondas para refletir e definir o caminho em conjunto. Tudo isto para sermos mais unidade. Para sermos uma casa onde todos se sintam amados.