“Queremos ser uma Igreja acolhedora e que olha sem preconceitos”

Foto por Sara Susano

PERFIL

Nome: Ivo Manuel Marques Santos
Data de nascimento: 2 de setembro de 1984
Naturalidade: Carvalhal Benfeito, Caldas da Rainha
Data de Ordenação: 2 de julho de 2011

ORA DIGA LÁ…

Uma figura: Clive Staples Lewis, autor de ‘As Crónicas de Nárnia’. “Também escreve livros sobre cristianismo; é uma inspiração”
Um livro: ‘O Príncipe e a Lavadeira’ de Nuno Tovar de Lemos
Uma música: Restolho, de Mafalda Veiga
Um filme: A trilogia do ‘Senhor dos Anéis’

Quem é Ivo Santos?
Ainda estou a tentar saber quem sou. Mas posso definir-me através de alguns adjetivos. Começando pelas características, teoricamente, piores, sou teimoso; orgulhoso; vaidoso e ingénuo. As características mais positivas são: simples; próximo; entusiasmado; alegre; trabalhador e profundo.

Porque escolheu ser padre?
Diante de Deus creio que antes de escolhermos algo, é o Senhor que nos escolhe com o Seu amor e toda a minha vida pode ser vista à luz disto: o Senhor escolheu-me com o seu amor misericordioso. Nasci e cresci numa família cristã e desde pequeno fui habituado a ir à missa com os meus pais e a seguir uma vida religiosa dita normal. Fiz parte do grupo de acólitos da minha paróquia e, em 1998, o Padre Alberto Dias, convidou-me a participar num pré-seminário. A partir daí, através de alguns episódios, comecei a aperceber-me de que o Senhor estava a querer «meter-se» comigo. Tinha outros sonhos e projetos e com 17 ou 18 anos, não me identificava com o «ser padre». Depois decidi frequentar o pré-seminário mas quase que fiz o seguinte acordo com o responsável na altura: vou para o seminário, mas não vou ser padre, vou para descobrir o que é que o Senhor quer de mim.

As paróquias por onde passou deixam saudades?
Quando criamos laços, quando amamos um povo, é claro que ele fica sempre no coração. Não recordo com saudade no sentido de querer voltar atrás. Mas dou graças a Deus por ter vivido muitos momentos muito bonitos nas paróquias por onde passei.

O que significa para si ser pároco?
É a primeira vez que sou pároco. Quando penso num pároco penso em alguém que está à frente de uma comunidade e sinto que esse é o meu papel. É ir à frente. Sou aquele que vai à frente e vai conduzindo este povo que vai comigo. Não vou sozinho. Deus confia-me o dever de levar este povo para Ele.

Como está a ser este primeiro período nas paróquias de Évora de Alcobaça e Turquel?
Está a ser muito bonito e muito desafiante. Tem sido um tempo para nos conhecermos e creio que esta seja a principal missão para já: a de nos conhecermos, das pessoas também me conhecerem um bocadinho e de pôr em prática aquilo que o Papa Francisco tem dito aos sacerdotes, “que conheçam o cheiro das suas ovelhas”. Tenho um sonho com 2000 anos que é o de tornar o Evangelho e Jesus Cristo próximo das pessoas para que possam conhecê-Lo, amá-Lo.

O Papa Francisco tem justamente defendido uma Igreja pobre e próxima das pessoas. É isso que falta à Igreja hoje?
Nas nossas comunidades estamos atentos a esses sinais e este tema que foi escolhido para a diocese – “A fé pela caridade” – vai de encontro também a essas perguntas e questões. Bem como todas essas palavras e gestos que o Papa Francisco tem feito. Portanto, temos que pôr isso em prática.

O que é que sente que a comunidade pede de um padre hoje? A sua juventude pode interferir na sua ação enquanto pároco?
O que as pessoas exigem dos pastores é que as levem para Deus, que sejam homens com Espírito Santo, que sejam homens que estejam próximas delas, que entrem e que conheçam as suas vidas e que lhes possam dar um sinal da presença de Deus, um sinal do amor de Deus na vida delas. Sou um padre jovem, com pouca experiência e ainda com muito caminho para fazer. Por um lado, a minha juventude assusta-me; por outro lado, sei que Deus está comigo e que aquilo que sou chamado a fazer, faço-o sempre com uma comunidade.

Quais as suas principais preocupações e esperanças relativamente à Igreja?
Falando especificamente das comunidades que me são confiadas, aquilo que queremos este ano é ser sobretudo uma Igreja que está atenta, próxima, acolhedora, que crie laços, com gestos, com palavras, uma Igreja que olha sem preconceitos.

A fuga dos jovens da Igreja preocupa-o?
Não. Preocupa-me os jovens que sabem muitas coisas sobre Jesus mas que não têm uma relação pessoal com Ele. O desafio de uma comunidade cristã e daqueles que já são mais amadurecidos na fé é levar os outros à fé. Quando se é jovem, vai-se muito atrás dos testemunhos. E se há o testemunho de alguém que os cativa, eles vão atrás. Creio que a estratégia deva passar pelo testemunho. Uma Igreja, não só em relação aos jovens, mas em relação a toda a comunidade, só pode atrair se tiver testemunhos.

Com a presente crise de vocações, o que faz hoje um jovem escolher a vida religiosa?
Hoje assistimos a um decréscimo de vocações que pode estar associado ao facto de haver muitas opções, muitos caminhos que se podem tomar. Creio que podemos rezar mais pelas vocações.

Que mensagem final gostaria de deixar aos leitores?
Deus precisa de ti!

Uma resposta

  1. Deus não precisa de nós. Nós é que precisamos dele. Deus em sua imensa misericórdia nos usa como instrumentos em suas mãos, não porque Ele precise, e sim porque Ele quer.

    A paz do Senhor Jesus.

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