Recordando João Guerra da Silva

João Maurício
Professor de História aposentado

O beneditense João Guerra da Silva partiu deste mundo. Nasceu em 1934 e, após ter frequentado os seminários do Patriarcado (Santarém, Almada e Olivais), cumpriu o serviço militar em Leiria, Vendas Novas e Santarém. Foi funcionário administrativo da Câmara Municipal de Tomar, num curto período.
Entre 1957 e 1975, residiu em Angola onde foi guarda-livros, gerente e acionista da empresa agrícola “Fazenda Sofia”. Regressado ao Continente, trabalhou em várias empresas da nossa região, na área da contabilidade.
Deixou-nos três interessantes livros que teve a gentileza de me oferecer: “Beneditenses Notáveis”, “Fazenda Sofia” e “Que fiz eu da minha vida?”, este último editado em 2017. É um texto autobiográfico com grande interesse, onde descreve as fases da sua vida, nomeadamente a sua longa estadia em Angola. Quando, há anos pensei em escrever o livro “Os Sapateiros da Benedita e a sua história”, o Sr. João alertou-me para a dificuldade desse projeto, por haver pouca bibliografia sobre o tema.
Nessa altura, muitas portas se fecharam e, por isso, senti-me pequeno perante tamanha tarefa.
A verdade é que João Guerra da Silva conhecia bem o meio, porque o seu pai José da Silva (1905-1987) foi um pequeno industrial de calçado, conhecido pela qualidade do produto que fabricava.
Guerra da Silva apoiou-me nessa caminhada, fornecendo-me dados sobre o tema. Foi sempre cordial e muito disponível para esclarecer as minhas dúvidas. Estou-lhe eternamente grato, por isso.
Na introdução do seu último livro escreve “Por respeito pelos meus descendentes e alguns amigos, que sobrevivam à minha morte, vou tentar responder ao longo do livro “Que fiz eu da minha vida?”. Eu direi que respondeu bem, pois a sua personalidade está presente ao longo da obra.
O seu livro “Beneditenses Notáveis” tem por tema central a figura do seu pai. Aí, João Guerra da Silva descreve a vida social e a economia da freguesia da Benedita durante a Segunda Guerra Mundial.
Um tempo difícil em que os portugueses viveram com muitas restrições e a pequena “indústria do calçado” passou por enormes carências.
Se for possível, um dia trarei aqui esses excelentes textos de Guerra da Silva que são de um grande realismo e muito vivos.
Como o Sr. João era católico assumido, termino com as palavras de São Mateus “se a lei da morte nos entristece, também nos consola a promessa da eternidade futura”.
Que descanse em paz!

João Maurício
Professor de História aposentado

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