Largos milhares de candidatos a refugiados e a imigrantes (vulgo «refugiados») vêm procurando, na Europa, as condições de paz e de subsistência condigna que faltam nos seus países de origem; muitos outros – a imensa maioria – não dispõe de condições para fazer o mesmo. Por isso, a ajuda a prestar-lhes deve abranger não só o acolhimento na Europa mas também uma forte ação humanitária e de pacificação nos países de origem; esta ajuda vem sendo prestada, mas de maneira insuficente.
O ambiente sociopolítico, em vários países europeus, não é o mais favorável ao acolhimento de «refugiados»; para isso contribuem a crise económico-social que persiste, as situações graves de pobreza e exclusão, as divisões político-partidárias, a propensão xenófoba, o receio da islamização… Acresce que, para cúmulo, os «refugiados» vêm sendo aproveitados como pretexto para contestações internas contra governos, União Europeia e outras entidades.
Apesar de tantas limitações, poderá afirmar-se que existe, em Portugal, uma forte disponibilidade solidária para o acolhimento dos «refugiados». Disponibilidade que talvez se tornasse mais consistente se se verificassem três condições de base: 1ª. Uma partilha equitativa de responsabilidades, entre os países europeus; 2ª. A corresponsabilidade efetiva de três patamares de ação, em Portugal: (a) As comunidades paroquiais e de outra natureza, bem como as diferentes instituições e empresas da sociedade civil; (b) As autarquias locais; (c) O Estado central; 3ª. Uma articulação, muito forte e coesa, entre o apoio aos «refugiados» e à erradicação da pobreza no nosso país. Esta última condição implica uma profunda melhoria das nossas práticas e políticas de desenvolvimento local e nacional; no limite – otimista – seria possível transformar a integração de «refugiados» numa nova oportunidade para o nosso próprio desenvolvimento.