
Era o fim das festas dos 100 anos da freguesia das Pedreiras. Na junta de freguesia havia uma grande quantidade de artefactos expostos sobre mantas rústicas e um tear onde algumas podiam ter sido feitas. À entrada via-se a roda de oleiro, e foi pela história das antigas peças de barro, que se encheu o salão na cerimónia do dia 19 de janeiro.
O investigador Kevin mostrou os documentos sobre datas e motivos da constituição da paróquia/ freguesia há cem anos. Luísa Machado rodeada de peças de barro vermelho e outras foi esclarecendo suas origens, seus fabricantes, suas feições utilitárias e decorativas, mostrando como prestigiaram a terra e seus habitantes. A terminar estiveram no palco alguns industriais que na freguesia perpetuam saberes e artes dos que antes se empenharam em saber viver dos recursos naturais, que a terra lhes oferecia.
«Uns imaginam o mundo, outros constroem-no. São modos complementares de ser e ambos me merecem simpatia», partilha-se esta ideia de Helder Macedo, do seu livro ‘Partes de Africa’. Imaginem-se carroças e/ou os carros de bois com palha à porta dos fornos de lenha do Juncal, Moitalina, Tremoceira, etc., à espera que se desenformassem cântaros, tachos, alguidares vidrados, potes para a carne em vinha de alhos e algumas talhas para curtir a azeitona com rumo aos mercados e feiras de Alcobaça, Benedita e Caldas, passando muitos deles pela Estrada D. Maria Pia, vendendo algo pelas vendas e estalagens à beira do caminho.
Mas para cobrir os telhados das casas antigas, feitas de pedra e cal ou com saibro /terra amassada, tinham de ir comprar e buscar as telhas, às cerâmicas/ olarias de barro vermelho. Alugavam carros de bois ou carroças e iam carregá-las onde eram feitas e sempre transportadas e descarregadas na vertical. Também na vertical eram arremessadas ao alto para quem no teto estivesse apto a apanhá-las, sem caírem.
Nas casas mais antigas da Rota Estrada D. Maria I /D. Maria Pia veem-se, telhados de telhas de canudo e noutras telha marselha.