ROTA ESTRADA D. MARIA I / D. MARIA PIA – Gárgulas da Batalha…

Lúcia Serralheiro
Terra Mágica das Lendas

É no escuro, no silêncio do tráfego e das gentes, que em noites de luar, sempre que os ventos se aquietam, se ouvem as gárgulas falando. Seus ecos, os das de fora, das do interior e dos vários pisos, caldeiam-se no Claustro Real.

Vocês já repararam, nuns grupitos de gente, daqui perto, que têm pedido visitas guiadas a dizerem que é por causa de uma Estrada Real, que nem sequer por aqui passava! É preciso ter lata, não acham?

E, estrada por estrada o que temos nós a ver com isso? Até pediram para subirem até nós e meteram um braço pela minha boca adentro! Água, vá que não vá, já é costume a guia mostrar isso, mas só me apeteceu fechar a boca e ficar cá com o braço dentro! Era um de Lisboa e estava a remoer por dentro as gárgulas gigantes de José Aurélio na Torre do Tombo, onde ele nunca poderá chegar… em vez de pensar, que essas também foram feitas da pedra daqui, tal como nós…

Oh, querem lá saber do passado. Fizeram uma confusão danada com a lenda da Abóbada na sala do Capítulo. Uma, até dizia que descendia do mestre de obras Afonso Domingues.

E aquela, que disse que o neto para a testar, lhe perguntara se tinha gostado do teto das Capelas Imperfeitas?

Só tiveram mais respeito, quando foram guias os jovens da Associação Mimo. E vá lá, uma, até confessou, que pela primeira vez, fora levada a reparar nas cores dos vitrais projetando-se nas paredes da Capela do Fundador. E que bonito era!

Outra, mais humilde, diante do altar mor intuiu que gostava era de ter categoria para entender tudo o que via e ouvia.

E era já o segundo ano que vinham pelas Jornadas Europeias do Património, porque diziam que essa estrada tinha algo a ver. Ora, não fosse o Mosteiro de categoria europeia e mundial, a ver se tinham vindo cá…

E para se comporem até foram visitar o Museu da Comunidade da Batalha.
Assim, vão as gárgulas, nos últimos séculos, se libertando dos suplícios de escutarem, quem por lá passa, cumprindo ainda a missão, de libertar das águas, as paredes exteriores.

Lúcia Serralheiro
Terra Mágica das Lendas

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