Nasci Estrada em 1791, ouvia o que diziam e até adivinhava pensamentos, se os pensassem com muita força, como fazia Rosalia de uma família de Bragança, que parou aqui no Covão do Milho, na Serra dos Candeeiros, onde se vê bem a Capela de N. ª Sr.ª da Nazaré. Era em maio e era ao cair da tarde. A pequena mirou o voo dos corvos, gralhas, corujas e águias e o coberto de flores perfumadas, por onde desciam as ovelhas e suas crias. Eu, separava a serra dos terrenos amanhados de milho, batatas e feijão. Fizeram o picnic. Toalha estendida nos muros de pedra, que me ladeavam eram a mesa. E Rosalia, a que pensava com muita força, queria ser filósofa e conseguia perceber as falas de Zé e Helena – ‘Viste o Zé do Saco, o das nozes? – Eu tenho medo dele. Ele vira a cara para o lado, para não ver a Capela – Ele diz que faz isso porque leu no livro de São Cipriano’. Que livro seria, pensou a curiosa Rosalia …
E não é que, no dia 16.05.2025, oiço o tal Zé Costa ler alto para a Helena uma folha de jornal a dizer que essa data era o Dia Nacional dos Cientistas em Portugal, desde 2016, em memória de José Mariano Gago (1948-2015), cientista português, nascido nesse dia em 1948: ‘Homessa, nasceu no ano em que foi reconstruída a Capela de N. ª Sr.ª da Nazaré, um cientista! Em miúdos nada se sabia disto. ‘Ciência’ era fazer casas, sapatos, amanhar terras, mas aqui diz, que há vários Centros de Ciência Viva pelo país fora, para que se saiba a importância e o valor da ciência e que a presidente disto é uma mulher de Bragança, Rosalia Vargas, que foi professora de filosofia durante 18 anos e que agora é responsável dos Centros de Ciência Viva. Apoiou este ano o projeto Raparigas na Ciência, em colaboração com a Universidade Nova de Lisboa. E Helena disse: – em pequena servi na família de Zé Sapateiro. Não havia luz. Agora há eólicas e postos de alta tensão, anda aí, tudo irritado …. Subia todas as tardes à Capela, para colocar azeite na lamparina da Sr.ª da Nazaré. Como podia saber se isso era ou não ciência, nunca fui à escola!